Ficar muito tempo sentado pode acarretar diversos problemas de saúde; veja quais

Se você está lendo esta matéria sentado, seja em casa ou no trabalho, este é um alerta para se levantar um pouco, nem que seja para tomar água ou esticar as pernas. Permanecer na mesma posição por muito tempo pode acarretar sérios problemas de saúde, inclusive levar a um derrame. Estudo da revista científica Stroke, da American Heart Association, revelou que pessoas sedentárias com menos de 60 anos que passam oito horas ou mais por dia sentadas têm sete vezes mais chances de sofrerem um acidente vascular cerebral (AVC) em comparação com aquelas que se exercitam e passam menos de quatro horas na mesma posição.

Médico ortopedista da equipe de Cirurgia de Coluna do Hospital Mater Dei, Marcelo Horta Petrillo aponta os riscos de ficar parado por muito tempo, fazendo o mínimo de esforço físico. “O sedentarismo é um hábito que prejudica a circulação sanguínea, o metabolismo e a liberação de mediadores inflamatórios. Ficar mais que oito horas sentado por dia e não ter hábitos de exercícios mínimos diariamente pode contribuir para aumento do risco de derrame, trombose, osteoporose, além de piorar a qualidade muscular e cardiorrespiratória como um todo”, examina. O preparador físico do Sada Cruzeiro Vôlei e Seleção Brasileira Feminina de Vôlei, Fábio Correira, conta ainda que “ficar sentado pode representar 34% da causa da morte por motivos cardiovasculares, além de aumentar a probabilidade de doenças crônicas, como elevação da pressão arterial e diabetes.” 

Diante dessa série de problemas de saúde provocada pela prática, pode-se comparar o hábito de ficar muito tempo sentado com o costume de fumar? Segundo Correia, em se tratando do comportamento sedentário, a comparação pode existir, sim. “Mas não dá para levar tão a ferro e a fogo. Um sedentarismo excessivo pode trazer uma causa-morte para os indivíduos em uma relação de 190 para cada 100 mil. No caso fumante, essa relação sobe para 2 mil pessoas para cada 100 mil. O cigarro traz uma quantidade de mais de 3 ou 4 mil substâncias nocivas de saúde e cancerígenas para o corpo. Então, é um comparativo muito mais associado ao comportamento sedentário”, afirma.

Já o médico concorda com a comparação e diz achá-la interessante. “Temos uma frase clássica de que a ‘medicina é a ciência de verdades transitórias’, mas podemos dizer que o tabagismo e o sedentarismo trazem grandes prejuízos à saúde são verdades absolutas”, afirma o especialista, indicando os malefícios do hábito. “O tabagismo e sedentarismo geram problemas de maneiras diferentes. No caso do segundo, há prejuízos a curto prazo, como piora da qualidade muscular, dores pelo corpo, artrites e piora da função cardiovascular”, evidencia.

No decorrer da vida, os problemas podem variar entre artrose, osteoporose e piora em fatores de risco para infarto e derrame, dentre outros. “A longo prazo, o paciente sedentário também tende a ter sobrepeso e obesidade, piora progressiva da qualidade muscular, osteopenia, além de doenças sistêmicas como pressão alta e diabetes. Isso pode virar uma bola de neve, já que o paciente com dores tende a ficar ainda mais sedentário”, aponta Perillo, que também atua e é um dos donos da Clínica Integrale.

A prática de ficar muito tempo sentado é mais associada ao trabalho, mas é preciso ficar atento à falta de mobilidade durante os períodos de lazer, segundo Correia. “Uma pessoa que, às vezes, passa dez horas do dia sentado no trabalho, quando chega em casa, acaba descansando também sentada, mexendo no celular, assistindo a séries. Isso também contribui para posturas ruins e problemas de saúde”, evidencia o preparador físico.

Dicas para se movimentar

Para não correr riscos devido ao hábito de permanecer muito tempo sentado, basta seguir algumas dicas simples. O ideal é se levantar da cadeira a cada duas horas de trabalho. “Isso ajuda a prevenir dores e minimiza fatores de risco, além de ser bom para articulações, coluna e circulação”, aconselha o médico Marcelo Horta Petrillo. Durante essas pausas, o ortopedista aponta que o “ideal é otimizar esses períodos.” “Use-os para se hidratar indo até um bebedouro e prefira escadas ao subir ou descer até três andares”, sugere.

O preparador físico, Fábio Correira, indica fazer algumas atividades após ficar muito tempo sentado. “Tem um exercício muito importante chamado extensão de tronco, justamente para compensar esse hábito de ficar sentado”, explica. Perillo também indica fazer breves alongamentos. Para isso, ele dá algumas dicas. “Ao fazer o alongamento, tente mobilizar a coluna, braços, punhos, quadris, joelhos e perna, abrangendo todo o arco do movimento das articulações. Se tiver em faça, se possível, alongue-se deitado em um colchonete, porque, além de ser mais fácil, a elevação das pernas facilita melhora o inchaço das pernas”, propõe.

Além disso, na rotina diária de trabalho, é importante fazer ajustes ergonômicos para quem passa muitas horas sentado. “Procure deixar o computador em uma altura em que a sua cabeça não fique flexionada. Fique atento também ao apoio da coluna lombar mantendo. Outro ponto importante é a posição dos punhos para digitação e uso do mouse no computador: eles devem ficar estar apoiados. O apoio dos pés também é importante: os quadris e joelhos devem estar próximos de 90 graus e os pés apoiados e nunca pendente”, indica.

O médico ainda pede uma atenção especial para quem usa computadores pessoais sem apoio. “Cuidado com o notebook. É praticamente impossível uma boa postura usando esse computador sem nenhum suporte no teclado externo. Observe também a proximidade com a tela para não prejudicar sua visão ou mesmo exigir uma postura ruim para leitura”, esclarece.