ELEIÇÕES 2024

Pré-candidato do PT desiste de concorrer à Prefeitura de Nova Lima e dispara contra o partido

Jobert Jobão diz que ideia da direção do partido é ter uma candidatura fraca, o que facilitaria a reeleição do atual prefeito, João Marcelo

Por Lucas Negrisoli
Publicado em 06 de maio de 2024 | 16:26
 
 
 
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O eletricista Jobert Jobão (PT) abriu mão de sua pré-candidatura à Prefeitura de Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte. O petista acusa a direção da própria legenda de ter costurado uma aliança com o atual prefeito, João Marcelo (Cidadania), ao invés de apoiá-lo. Jobert alega ainda que a ideia da direção é ter uma candidatura fraca, o que facilitaria a reeleição do atual prefeito. 

A crise, segundo Jobert, teve início após ele conceder entrevista a um jornal da cidade em que fez acusações de supostas irregularidades em um contrato da prefeitura, o que gerou uma reprimenda por parte da diretoria do PT. “Queriam que se lançasse uma candidatura própria, desde que fosse uma candidatura dócil”, declara Jobert. “Vão arrumar outra candidatura, uma fachada, fraca, sem apoio e dócil, para que o projeto de reeleição não seja afetado”, diz. 

“A leitura que eu faço é que o PT fez alguma aliança com o atual prefeito. Quando fiz as denúncias que não tinha que fazer, quando coloquei holofotes onde não deveria, a própria direção do partido me repreendeu. Desde que eu sinalizei isso para o partido, há exatos 15 dias, a direção sequer entrou em contato comigo”, disse Jobert, que reclamou também de não ter sido incluído na lista de representantes do PT que participaram da visita de Lula (PT) à cidade no fim de abril.

“É uma postura covarde, não falar nada diante de uma coisa grave que está acontecendo. O cara (João Marcelo) vai ganhar de WO. A direção se recusa a entrar em contato comigo. Se mantém inerte. Também não vou fazer essa mobilização de nos falarmos, o silêncio é uma resposta”, acrescentou Jobert.

Presidente municipal do PT em Nova Lima, Renato Faria rebateu as acusações de Jobert. Segundo ele, ainda não houve o encontro municipal do partido para definir o candidato à prefeitura na cidade, e, por isso, a legenda não pode bancar a pré-candidatura de ninguém. “Ele é pré-candidato, tem intenção de ser candidato, o candidato definitivo é só depois que o encontro municipal definir quem é. Não fizemos esse encontro. Até hoje, só existe uma pré-candidatura. Jobert é o único inscrito. Se existem alguns membros do partido que tenham essa visão de que apoiar o João Marcelo é o melhor caminho, é legítimo. Eu não concordo, entendo que o PT tem que lançar candidatura própria”, defende. 

Faria também alega que Jobert não foi repreendido pela fala sobre os contratos da prefeitura. O que ocorreu, de acordo com ele, foi uma reunião com orientações sobre o tom usado pelo pré-candidato durante a entrevista. “Estou aqui para responder processo porque Jobert chamou os outros de ladrão? Estamos construindo uma chapa que represente o partido. Precisamos escolher com maturidade e com responsabilidade e ele não pode falar coisas sem ter lastro. O partido não o enquadrou”, pontuou. "Se houvesse evidências de irregularidades, o caminho seria a sigla fazer denúncias às autoridades", completou.

Sobre o fato de Joubert não ter participado da agenda de Lula em Nova Lima, Renato Faria explicou que os convites não partiram da direção municipal do partido. “A direção municipal não escolheu ninguém, não. Fui convidado porque sou presidente do partido. Até na véspera, a gente não tinha convite nenhum. Se ele não foi convidado é porque não teve prestígio dentro do PT”, alfinetou.

Na primeira pesquisa DATATEMPO sobre a disputa em Nova Lima, divulgada na semana passada, o cenário apontava João Marcelo na primeira colocação, com 75,8% de intenções de voto, seguido por Vitor Penido (PL), com 12,5%, e Jobert Jobão, com 2,4%.

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