PREVENÇÃO

Quais medidas poderiam ter sido tomadas para evitar tragédia no RS?

Urbanista e professor da UFMG, Roberto Andrés explica quais ações de prevenção deveriam ter sido feitas nas cidades gaúchas

Por Pedro Faria
Publicado em 07 de maio de 2024 | 18:10
 
 
 
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As fortes chuvas, seguidas de enchentes e alagamentos, que atingiram o Rio Grande do Sul desde a última semana deixaram, até a manhã desta terça-feira (7), 90 pessoas mortas. Mais de 200 mil estão desabrigadas por todo o estado.

Um dos principais questionamentos que vieram à tona nos últimos dias foi o que poderia ser feito para evitar, ou ao menos diminuir, os danos da tragédia. De acordo com o urbanista e professor da UFMG Roberto Andrés, apesar da chuva ter sido prevista, o alto volume pegou todos de surpresa. “Não há uma ‘bala de prata’ para um problema como esse. É um volume de chuvas muito alto que, infelizmente, vai acontecer de forma mais frequente”, disse.

Para o urbanista, medidas preventivas são as melhores a se realizar nessas situações. “O que é possível fazer são medidas de mitigação que vão diminuir os impactos. Reflorestar as margens de rios, preservando o cinturão verde, faz com que a água corra mais devagar, infiltrando mais no solo”, explicou Roberto. 

“Outra medida seria que todas as cidades afetadas tenham seus próprios medidores, para que os sistemas de defesa tenham o monitoramento completo, sistemas de alerta mais robustos. Retirar casas de áreas diretamente inundadas, principalmente dos locais de risco maior. Somar essas ações de proteção ambiental, melhoria no sistema de monitoramento e alerta, para, assim, reduzir os impactos de um evento tão forte como esse”, completou.

Questionado se um plano prévio de evacuação poderia auxiliar e salvar mais vidas, Andrés explicou que, para isso, um investimento maior na segurança deveria ter sido feito. “Ter um plano de evacuação era plenamente possível. Mas para isso, precisava ter um monitoramento em tempo real, ágil, o estado precisa de recursos para isso, uma defesa civil atuante”, contou.

Situação no Rio Grande do Sul

Ao todo, 388 dos 497 municípios gaúchos registraram algum problema em decorrência do temporal, que inundou regiões inteiras, destruiu pontes, barragens e alagou escolas, hospitais e milhares de casas. Cerca de 1,3 milhão de pessoas foram afetadas.

Segundo balanço da Defesa Civil do Estado desta terça-feira (7) subiu para 90 o número de mortos. Já são 132 pessoas desaparecidas e 361 feridas. Cerca de 203,8 mil pessoas estão fora de suas casas, sendo que 48,1 mil estão em abrigos e 155,7 mil estão desalojadas.

No fim de semana, o governo federal reconheceu o estado de calamidade pública em 336 cidades gaúchas. Na prática, esse reconhecimento abre caminho para que as prefeituras consigam de forma mais célere os repasses de verbas federais. Além disso, possibilita uma menor burocracia administrativa para realizar compras e contratar serviços.

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