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Motoristas de app não vão aceitar corridas por menos de R$ 10 em MG: 'inviável' 

Associação dos Motoristas de Aplicativos de Minas Gerais alega que a medida ocorre devido ao aumento dos preços de combustíveis no Estado

Por Raíssa Oliveira
Publicado em 08 de maio de 2024 | 13:01
 
 
 
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Motoristas de aplicativo que atuam em Minas Gerais estão sendo orientados a recusar qualquer corrida com valor abaixo de R$ 10. A informação foi confirmada pela Associação dos Motoristas de Aplicativos de Minas Gerais (Asmopli-MG), nesta quarta-feira (8 de maio). A instituição alega que a medida ocorre devido ao aumento dos preços de combustíveis no Estado. 

“Há um mês e meio tivemos uma reunião com a Uber e a 99 e eles ficaram de dar um retorno. Com o novo aumento de combustível está ficando inviável corridas de R$ 7 para rodar 4 quilômetros. Isso não paga combustível e manutenção do carro. Tem motorista que já está procurando outra profissão porque não dá conta de pagar”, afirma o presidente da Asmopli-MG, Sergio Nascimento. 

Na última pesquisa do site Mercado Mineiro, o álcool tinha apresentado alta de 7% no preço em Belo Horizonte e região metropolitana no intervalo entre os dias 5 e 19 de abril. O combustível passou de uma média de R$ 3,71 para R$ 3,97, diferença de R$ 0,26. O valor da gasolina também teve um aumento de 3,7% no mesmo período, e foi de R$ 5,60 para R$ 5,81, variação de R$ 0,21. O diesel foi o único cujo preço se manteve estável, com variação de somente R$ 0,01 e uma nova média de R$ 5,91. 

Segundo Sérgio, associado ao custo de manutenção dos veículos, o valor da corrida tem dificultado a execução do serviço no Estado. “Nós motoristas decidimos junto a associação que a partir deste mês não iremos mais aceitar corridas menores de R$ 10. Não temos como sobreviver com esse valor. Muitos motoristas já estão aderindo a esse processo. Nós orientamos ao motorista o que é melhor para ele. Estamos pagando para trabalhar”, reclama.  

O presidente da Asmopli-MG cobra diálogo com as plataformas de corrida por aplicativo. “Pelo o que já vimos não há diálogo com eles. Mandamos ofício, tentamos fazer reunião, mas eles não querem. Nós motoristas precisamos nos unir para mostrar a eles que não é viável”, afirma. 

Diante do impasse, o presidente da associação promete uma manifestação caso as empresas não apresentem soluções até a primeira quinzena de maio. “Estamos esperando respostas até dia 15 dos aplicativos. Caso não retorne, vamos ter um dia até o final de maio marcado para paralisar totalmente o serviço”, promete. 

O que diz a Uber?

Em nota, a Uber disse que tem equipes que acompanham permanentemente a variação dos principais custos que impactam os motoristas e aplica reajustes periodicamente para que todas as viagens sejam vantajosas para os motoristas parceiros, independente de situações específicas. 

"É importante lembrar que os ganhos na plataforma da Uber são bem particulares para cada motorista parceiro, já que cada um escolhe como quer usar o aplicativo com autonomia e flexibilidade. O valor de uma viagem é calculado segundo uma série de fatores e sempre é exibido no celular do motorista parceiro para que possa decidir se vai aceitar ou recusar a solicitação", disse. 

A plataforma afirma ainda que o nível de solicitações que um motorista parceiro recebe usando o aplicativo da Uber está relacionado majoritariamente à demanda de usuários por viagens no horário e região em que o motorista se encontra. "Quando há uma demanda maior em determinado local, o aplicativo exibe aos parceiros um mapa de concentração de solicitações, assim como informa as tendências históricas de ganhos para ajudá-los a tomar decisões informadas", pontua. A empresa ressalta ainda que, como os parceiros têm liberdade para decidir em quais dias e horários preferem dirigir, quem concentra sua atividade no app em dias e horários de maior movimento tem maior probabilidade de ter mais ganhos.

O que diz a 99? 

Em nota, a 99 garante para os motoristas parceiros o “Adicional Variável de Combustível”, auxílio no ganho do motorista parceiro que aumenta sempre que a gasolina sobe. A proporção é calculada a partir de dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) e tem valores diferentes para cada estado. Em Minas Gerais, por exemplo, em uma corrida de 12 km, que gasta 1 litro na média para carro popular, o atual reajuste é de R$0,13 por litro. 

Além disso, a 99 afirma que criou a Taxa Garantida Semanal de 19,99%, que tem como objetivo dar aos condutores parceiros maior previsibilidade de ganhos. A cada 10 viagens na semana, motoristas têm direito a reembolso da diferença do que foi cobrado a mais da porcentagem na semana anterior.

A 99 acrescenta ainda que a tarifa para o usuário é calculada com base em oferta e demanda e sofre variações ao longo do dia. "É importante ressaltar que a empresa trabalha para manter seu marketplace e oferecer um transporte de qualidade, eficiente, seguro e acessível financeiramente", finaliza.

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