RIO DE JANEIRO E BRASÍLIA. A promessa era que eles se transformariam em terminais dignos de primeiro mundo. Mas diversos problemas estão fazendo com que alguns dos aeroportos privatizados ainda tenham “cara de rodoviária” e que melhorias avancem no ritmo de obra de igreja – com construções e reformas inacabadas e sem prazo de conclusão.
Há duas razões principais para essa frustração, segundo especialistas, empresas e o próprio governo. Em primeiro lugar está a crise financeira da Infraero, que impede que a estatal conclua obras anteriores à concessão dos aeroportos, prometidas para antes da Copa do Mundo – situação piorada pelo forte ajuste fiscal que impede novos aportes do Tesouro Nacional na estatal. Para solucionar esses casos, alguns consórcios, como o do Galeão, pretendem, ainda neste mês, assumir obras da Infraero – até porque tem os Jogos Olímpicos pela frente. O setor ainda é afetado pela paralisia de empreiteiras que integram consórcios, incluídas na Operação Lava Jato, que apura corrupção.
Galeão, no Rio de Janeiro, e Confins, na região metropolitana de Belo Horizonte, enfrentam as maiores dificuldades. Nos dois terminais, a Infraero tem obras em atraso que somam cerca de R$ 300 milhões. Há casos de contratos rescindidos e reformas de terminais totalmente paradas. Em Confins, a falta de obras de ampliação do Terminal 1 e de construção do Terminal 3 – estimadas em R$ 150 milhões – impede que o aeroporto tenha uma nova cara.
Confins passou a ter administração privada em agosto. “Não consigo sequer dizer quando teremos essa situação resolvida. Não há nada que eu possa fazer, nem mesmo o que tenho de cumprir no Terminal 2. Preciso atender estes passageiros durante as obras nos outros terminais, que sequer estão em andamento. O Terminal 1 era para ter sua obra concluída antes da Copa, e ainda está com apenas 53% de conclusão. O pior é que isso é péssimo para a imagem do consórcio vencedor, o usuário não entende que os problemas são da Infraero”, disse Paulo Rangel, presidente da BH Airport, concessionária do aeroporto de Confins, que conta com as empresas CCR (administradora de rodovias como a via Dutra) e as operadoras dos aeroportos de Munique e de Zurique.