Saneamento

Projeto leva purificadores de água portáteis para escolas do Jequitinhonha em MG

Iniciativa da PWTech foi implementada em seis instituições de ensino e deve impactar mais de mil pesssoas

Por O Tempo
Publicado em 29 de abril de 2024 | 08:00
 
 
 
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O Brasil tem quase 1,3 milhão de alunos que estudam sem acesso à água potável nas escolas. Os dados são do Censo Escolar 2023, divulgado em fevereiro. Três de cada quatro dessas escolas estão em áreas rurais. Para mitigar os impactos dessa realidade, a PWTech implementou purificadores de água portáteis, de baixo custo, em seis escolas do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. A previsão é que o projeto ‘Água Boa nas Escolas’ se estenda para outras comunidades. 

Os aparelhos funcionam como uma “estação de tratamento portátil”. Para se ter uma ideia, o PW5660 produz cerca de 5.760 litros de água por dia e pode impactar mais de mil pessoas. “Em escolas, como consumo total, a gente usa o número de 25 litros por dia por pessoa. Então, o purificador de água pode impactar  200, 400 ou até 500 pessoas facilmente. Nesta ação foram impactadas diretamente mais de 300 pessoas e, indiretamente, quase tivemos uma produção de água de 370 mil litros por mês”, explica o engenheiro Fernando Marcos Silva, um dos sócios da PWTech.

Segundo Fernando, a definição das escolas foi baseada na disponibilidade hídrica da instituição de ensino e em sua localização. A seleção também contou com a ajuda do Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento (CPCD), que atua em escolas agrícolas. A ideia é que os aparelhos funcionem para a comunidade como "escolas-chafariz”, sistema onde as pessoas possam buscar água.

“Fizemos a instalação de seis purificadores de água nessas escolas. Até então, a maioria delas não tinha disponibilidade de água ou tratamento, e, às vezes, se fazia necessária a captação diretamente no rio ou em poços”, conta. 

 

  • 1. AEFA – Associação Escola Família Agroecológica

Localizada na Comunidade  Araçuaí Baixa Quente, atende atualmente  a juventude da zona rural dos municípios de Araçuaí, Berilo, Caraí, Coronel Murta, Francisco Badaró, Itinga, José Gonçalves de Minas, Virgem da Lapa. São aproximadamente 100 pessoas entre alunos, visitantes e professores. 

A escola recebia a água tratada da sede do município via carros-pipa. O consumo básico era de 250 litros dia para usos básicos de bebedouro e pia da cozinha. O filtro foi instalado para tratar a água de uma barragem no Ribeirão Calhauzinho. Antes essa água era utilizada para limpeza, irrigação, banho, etc. Atualmente é bombeada para o resevatório e tratada pelo PW5660.

O equipamento produz aproximadamente 25L de água potável por pessoa. O impacto indireto é de cerca de 300 pessoas considerando o público flutuante de pais, parceiros, participantes de cursos e visitantes em geral. 

  • 2. Escola Municipal Joaquim Viana Gonçalves

Localizada na Comunidade Corrego da Velha, Zona Rural de Araçuaí. Alguns professores dormem na escola durante a semana, o que aumenta o volume de água demandado. Cerca de 80 pessoas são diretamente impactadas e o impacto indireto chega a quase 250 pessoas. A unidade produz quase 3 mil litros por mês. A água é proveniente de um poço artesiano comunitário.

  • 3. Escola Municipal Bernardo Teixeira

Localizada na Comunidade de Machado Araçuaí, a escola antes recebia água potável via carros-pipa e o equipamento de purficação foi instalado para tratar a água do Rio Jequitinhonha. Nela também dormem alguns professores durante a semana. A instituição vai passar por uma reforma para possivelmente se tornar uma “escola-chafariz”, e assim atender também às cerca de 50 famílias que vivem em seu entorno. Hoje, o equipamente impacta indiretamente cerca de 105 pessoas.

  • 4. EFA -Escola Fazenda Agricola de Jacaré

A escola fica na Comunidade de Itinga. A única fonte de água é uma nascente, que hoje é tratada com o PW5660, com a produção de 28 mil litros por mês. A instituição também tem possibilidade de se tornar uma “escola-chafariz” para atender às cerca de 20 famílias do entorno, além das aproximadamente 100 pessoas indiretamente impactadas.  Alguns professores permanecem na escola durante a semana. 

  • 5. Escola Municipal João Alves

A Comunidade Corrego Narciso, no entorno da escola, tem mais de 50 famílias que podem utilizar de água tratada de um chafariz instalado na instituição. São mais de 26 mil litros produzidos por mês. A água vem da Barragem do Ribeirão Calhauzinho e não recebia  nenhum tratamento antes.

  • 6. Centro de Permacultura do Vale do Jequitinhonha

O espaço, localizado no Sitio Maravilha, recebe estudantes, estagiários e agricultores para formações na área de Permacultura, Saneamento Rural e Agroecologia. O Sítio, que fica a 28 km da sede municipal, é banhado pelo rio Jequitinhonha, de onde o equipamento purifica 39,5 mil litros de água por mês.
 

Falta de água potável afeta desenvolvimento de alunos

Fernando lembra que o impacto causado pela falta de água de qualidade numa comunidade é imensurável. “Até porque, hoje, quando você tem comunidades onde não tem água de qualidade, quem faz o transporte, quem vai buscar água de qualidade, são as crianças e as mulheres. Então, as crianças quando fazem esse trabalho, deixam de ir à escola. Isso afeta, além da saúde, a capacidade cognitiva, vai afetar no trabalho, vai afetar em várias coisas para a vida dela”, detalha o engenheiro. 

Segundo ele, já foi observado que, a partir do ‘Água Boa nas Escolas’ ou projeto similares, as crianças passam a frequentar mais a escola e a levar águas para as suas famílias, gerando um impacto grande em suas comunidades. 

Segundo dados do Trata Brasil, a nota média no Enem dos candidatos com acesso a banheiro foi de 535,69, enquanto dos estudantes sem banheiro foi de 468,31 – uma diferença de quase 70 pontos na nota final.

Com menos de um metro e três filtros, os purificadores funcionam com diferentes fontes de energia, inclusive a solar.  Todos os equipamentos foram doados para a comunidade. “A ideia é que a gente continue a fornecer esse mesmo sistema de purificação para outras comunidades ao longo do Jequitinhonha”, diz Fernando. 

Os purificadores são reconhecidos como equipamentos estratégicos de defesa. Além das escolas, serve comunidades em áreas remotas, canteiros de obras e pode ser utilizado pela agricultura para higienizar alimentos. 

A ação foi patrocinada pelo Instituto Iguá, pelo Fundo IPU e pela PWTEC e contou com a atuação do Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento.

 

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