O número de feridos na manifestação desta quinta-feira (20) atendidos no Hospital Municipal Souza Aguiar subiu para 44. As razões das internações incluem brigas, torções, além de ferimentos por balas de borracha e gás lacrimogêneo. A informação foi dada pela assessoria da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro.
Números preliminares divulgados pelo plantão do Quartel Central dos Bombeiros, vinculado à Secretaria de Estado de Defesa Civil, indicam que até o momento três saídas foram efetuadas da unidade, localizada no Campo de Santana. Duas solicitações foram para apagar fogo em via pública, incluindo uma ocorrência no Terreirão do Samba, próximo à Marquês de Sapucaí, e outra para atendimento de cidadão por ambulância.
Viaturas de outros quartéis estão posicionadas em locais estratégicos, no centro da cidade. O quantitativo das ocorrências só deverá ser divulgado nesta sexta (21).
Os ativistas se concentraram às 16 horas na Candelária e seguiram pela Avenida Presidente Vargas até a sede administrativa da prefeitura. Nesse trajeto de aproximadamente 3 quilômetros não houve episódios de violência e ninguém foi detido, mas assim que o grupo chegou à prefeitura os confrontos começaram. Um veículo do SBT foi atacado e incendiado por manifestantes e um repórter de TV acabou atingido por uma bala de borracha, disparada pela polícia. Quiosques no Terreirão do Samba, área pública de shows vizinha do sambódromo, foram saqueados e incendiados.
O confronto começou quando um pequeno grupo de manifestantes chegou às imediações da prefeitura, onde havia um cordão de isolamento formado por PMs, e passou a jogar pedras contra os policiais. A PM revidou, lançando bombas de gás lacrimogêneo. Os manifestantes recuaram e houve novos confrontos em diversos trechos da avenida, nas imediações da Central do Brasil.
Durante os confrontos, o repórter Pedro Vedova, da Globo News, foi atingido na testa por uma bala de borracha. Ele foi encaminhado a um hospital particular e passa bem.
As estações de Metrô situadas ao longo da Avenida Presidente Vargas chegaram a ser fechadas. Diante da possibilidade de que a multidão seguisse rumo ao Palácio Guanabara, sede do governo do Estado, o prédio foi cercado e o policiamento, reforçado, desde a manhã . Já a Assembleia Legislativa, alvo de destruição na última segunda-feira, não tinha policiamento especial.
O aumento da passagem de ônibus deixou de ser o motivo do protesto, já que a prefeitura cancelou o reajuste, mas não faltaram razões para justificar o ato. Três reivindicações eram mais frequentes: o arquivamento da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 37, que retira do Ministério Público o poder de investigar; o encerramento da proposta de "cura gay" - projeto em trâmite na Câmara dos Deputados, aprovado pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias, que permite aos psicólogos anunciar tratamento contra a homossexualidade; e o fim dos investimentos em obras para a Copa do Mundo de 2014.
Contra partidos
Outra característica do protesto foi o repúdio aos partidos políticos. Militantes que levavam bandeiras de partidos políticos eram recebidos com vaias e palavras de ordem. "O povo unido não precisa de partido", gritaram manifestantes para um grupo com bandeiras do PSTU, PCB e PC do B. "Sem partido", repetiam os manifestantes contrários à partidarização. "Sem fascismo", respondiam os militantes.
A PM não divulgou o efetivo destacado, mas estima-se que cerca de 3 mil homens tenham participado da operação. O policiamento se concentrou ao redor da prefeitura, onde ficaram a Tropa de Choque e o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope). A intenção, segundo a PM, era evitar que a prefeitura fosse alvo de depredação.
Antes do protesto, a PM informou que distribuiria 30 mil panfletos contra atos violentos. "A PM pede que, no ato de se manifestar, (o cidadão) evite aderir a movimentos destrutivos que nada acrescentam ao debate democrático", afirma o texto. A reportagem, porém, não constatou a distribuição desses panfletos.
Atualizada às 22:30