Os casos de microcefalia, malformação do cérebro que pode trazer sequelas ao desenvolvimento cognitivo e motor da criança, já atingem 1.248 bebês. Em apenas uma semana, o aumento foi de 68%. Os dados foram divulgados ontem pelo Ministério da Saúde, segundo o qual o avanço na epidemia está ligado ao agente tido como causador da complicação em gestantes, o vírus zika, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti.
Embora não exista uma recomendação oficial do ministério, o infectologista Estêvão Urbano, presidente da Sociedade Mineira de Infectologia (SMI), aconselha mulheres grávidas a evitarem viajar para o Nordeste, onde a situação é mais grave.
Segundo ele, a infecção pelo vírus costuma ser benigna e, até agora, a doença só se mostrou grave para as grávidas ou pessoas com retrospecto de outras doenças. “Ainda estamos começando a entender a relação do zika vírus com a microcefalia. Muito provavelmente, o maior problema é contrair o vírus na fase inicial da gestação”, diz Urbano.
Minas Gerais ainda não registrou casos do zika vírus e nem da microcefalia. Mas, segundo especialistas, isso é questão de tempo. “O conhecimento que temos ainda é muito pequeno. Mas a possibilidade de o vírus chegar por aqui existe, porque temos pessoas viajando o tempo todo. Se o vírus chegar e se uma gestante for picada, há chances de haver microcefalia no Estado, sim”, avalia a médica especialista em medicina do viajante Marise Oliveira Fonseca, professora da UFMG.
Ela concorda com o presidente da SMI ao aconselhar às grávidas que evitem viajar para Estados do Nordeste atualmente.
Com medo, grávida do Recife se muda para o DF
São Paulo. Grávida de 12 semanas, a médica pediatra Gabriela Raposo, 32, disse ao portal Uol que deixou o Recife e se mudou para Brasília para ter uma “gestação segura”. Ela está hospedada no apartamento de uma prima também gestante.
Gabriela disse ao portal que o medo de ter uma criança com microcefalia a levou a deixar o Recife no dia 14 de novembro, levando junto seu filho de dois anos. Na época, os casos começavam a ser registrados em massa em Pernambuco.
No domingo, o governador daquele Estado, Paulo Câmara, decretou estado de emergência por conta do alto índice de infestação do mosquito Aedes Aegypti – transmissor da dengue, da febre chikungunya e da zika. No último sábado, o Ministério da Saúde confirmou a ligação entre o zika vírus e os casos de microcefalia no Nordeste. “Apesar de sermos médicos – ela é casada com um urologista – procuramos pessoas que estavam mais por dentro e ficamos assustados com a frequência de casos”.
Ministro garante que não faltará dinheiro
Entre o total de casos, foram notificados sete mortes. Um recém-nascido do Ceará, com diagnóstico de microcefalia e outras malformações congênitas por meio de ultrassonografia, teve resultado positivo para vírus zika. Outros cinco no Rio Grande do Norte e um no Piauí estão em investigação para definir causa da morte.
O primeiro caso foi confirmado pelo Instituto Evandro Chagas, de Belém (BA). É um homem com histórico de lúpus e de uso crônico de medicamentos corticoides, morador de São Luís, do Maranhão.