Na última quinta-feira (30), o Operador Nacional do Sistema (ONS) avisou a distribuidores e geradores de energia elétrica que há risco de serem necessários cortes seletivos de energia para garantir funcionamento em horários de pico, entre janeiro e fevereiro. As informações são do jornal "Folha de São Paulo".
A adoção da medida seria necessária para manter os reservatórios em nível seguro e evitar os apagões durante os horários de maior movimento nos grandes centros urbanos. Para isto, as usinas deixariam de fornecer energia durante a madrugada. Os cortes afetariam as capitais do sudeste e a cidade de Campinas, em São Paulo.
Tal medida só será necessária caso as chuvas não sejam suficientes para abastecer os reservatórios ao nível de 30% em janeiro. Atualmente eles operam em 18,27%. Neste mesmo período no ano passado, eles estavam com 41,62% da capacidade.
O corte de parte do fornecimento de energia durante a madrugada permitiria o aumento do volume de águas nas represas.
Segundo a "Folha de S.Paulo", o diretor de Planejamento e Programação da Operação do ONS, Francisco José Arteiro de Oliveira, afirmou durante reunião no Programa Mensal de Operação (PMO), que o órgão precisaria operar as usinas hidrelétricas de forma a prepará-las para os horários de pico.
ONS contesta
Mais tarde nesta quarta-feira (5), o Operador Nacional do Sistema divulgou uma nota à imprensa contestando as informações do jornal "Folha de S.Paulo". "A informação contida na matéria de que o ONS 'cogita cortes seletivos de energia para garantir o fornecimento nos horários de pico em janeiro e fevereiro' não é verídica", diz o comunicado.
Leia o texto na íntegra, assinado pelo diretor geral do ONS, Hermes Chipp:
Com relação à matéria “Se não chover, país terá cortes de energia no verão”, do jornalista Machado da Costa, publicada na Folha de São Paulo em 5/11/2014, o Operador Nacional do Sistema Elétrico vem esclarecer os seguintes pontos:
1. O conteúdo da matéria é alarmista e não corresponde à realidade dos resultados dos estudos do Programa Mensal de Operação do mês de novembro.
2. Na reunião com os agentes associados para elaboração do PMO de novembro, o ONS anunciou que o atendimento à demanda de ponta neste mês está assegurado pela implementação de diversas medidas operativas: coordenação de manutenções de unidades geradoras para maximizar a disponibilidade de potência das usinas; minimização de intervenções que limitem a transferência de energia entre regiões; utilização plena das disponibilidades energéticas das usinas térmicas do SIN; máxima exploração das disponibilidades energéticas das regiões Sul e Norte de modo a minimizar a utilização dos estoques armazenados nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste.
3. O atendimento à ponta de carga nos meses do verão, quando se espera uma elevação natural da carga em função das altas temperaturas, está sendo analisado mês a mês, nos estudos de planejamento da operação de curto prazo, conforme vão sendo atualizadas as previsões de afluências a esses reservatórios, à medida em que se configura o início do período úmido.
4. Apesar dos níveis de armazenamento reduzidos dos reservatórios das regiões Sudeste/Centro-Oeste e Nordeste, o período chuvoso está se iniciando dentro da normalidade, conforme as previsões dos institutos de meteorologia, CPTEC/INPE e Cemaden.
5. A informação contida na matéria de que o ONS “cogita cortes seletivos de energia para garantir o fornecimento nos horários de pico em janeiro e fevereiro” não é verídica. O complemento de que essa “medida será necessária se as chuvas não forem suficientes para recompor os reservatórios das hidrelétricas ao patamar de 30% em janeiro” não tem fundamento, nem corresponde a declarações do Operador.
6. A informação de que “o plano prevê a suspensão do fornecimento de energia durante a madrugada para grandes cidades do Sudeste” também é inverídica, além de não ter fundamento técnico.
7. A informação de que a Assessoria de Comunicação do ONS confirmou o alerta ao setor também não procede.
Atualizada no dia 6/11/2014 às 8h48