O aluguel do metro quadrado no Shopping Oi, no centro de Belo Horizonte, está custando cerca de duas vezes mais do que o metro quadrado em um shopping de classe média alta e 21 vezes mais do que um imóvel comercial no Barro Preto. Lojistas do shopping popular estão indignados com os preços dos aluguéis e também reclamam de queda nas vendas em torno de 40% a 50% em 2016 na comparação com o ano passado. “O movimento está bem fraquinho e o aluguel e condomínio estão pesando demais”, alerta Roger Freitas, proprietário de uma loja de assistência técnica de celulares e tablets. O shopping Oi tem hoje 800 estabelecimentos.
Uma loja de 1,5 m por 2 m localizada no primeiro andar do shopping popular tem hoje aluguel de R$ 940, ou seja, R$ 350 é o valor do metro quadrado. Já o valor do metro quadrado de um estabelecimento de um shopping da área Central de Belo Horizonte está custando entre R$ 130 e R$ 400. Já em um shopping de classe A, o valor máximo é R$ 480. No Barro Preto, tradicional bairro comercial de BH, o valor médio do aluguel por metro quadrado é R$ 16, segundo o site Viva Real.
Não há confirmação de que o preço alto está inviabilizando o comércio nos shoppings populares, mas, em Belo Horizonte, já se percebe, segundo lojistas, o aumento de camelôs nas ruas – atividade que é considerada ilegal desde a Lei 9.058 de 2005.
Roger Freitas paga atualmente aluguel de R$ 800 e taxa de condomínio de R$ 670 no shopping popular. “Há dois meses, houve esse aumento e, em contrapartida, as vendas já vinham caindo muito”, diz ele. O faturamento da loja, que em 2015 era de cerca de R$ 15 mil por mês, caiu para R$ 7.000 neste ano. Uma queda de quase 50%.
No fim do mês passado, comerciantes de shoppings populares da capital fizeram um protesto contra os preços de aluguéis e condomínio e fecharam a avenida Oiapoque. O proprietário do Shopping Oi, Mário Valadares, contesta a alta nos preços da locação no empreendimento. “Há cerca de um ano e meio, o valor do aluguel teve recuo na casa dos 30%”, diz.
Ele frisa que o problema é a sublocação, que faz com que os preços subam de forma considerável. De acordo com o empresário, o valor médio por um espaço de 6 m² é R$ 1.000, mais o condomínio de R$ 500. “Só que com a sublocação chega a acrescentar R$ 3.000, fazendo com que o custo do local vá para R$ 4.500”, frisa.
Valadares diz que, pela primeira vez, existe vacância no centro de compras popular, de 5% das lojas, o que não significa que os lojistas estejam desistindo do negócio.
A dona de uma outra loja, que preferiu não se identificar, confirma que o aluguel está pesando demais. Ela paga cerca de R$ 940, mais condomínio de R$ 585. “De maio para junho, faturei menos R$ 1.000 e, para uma comerciante pequena como eu, pesa muito”, afirma, sem revelar o faturamento.
Despesas
“Nossas vendas tiveram uma queda de 40% a 50% na comparação com o ano passado. Não estamos faturando como faturávamos antes, e o aluguel aqui no shopping subiu muito e deveria ser revisto com todos os lojistas”. Dono de loja no shopping popular
Código de posturas proíbe atuação de camelôs em BH
A atuação de camelôs é proibida pelo Código de Posturas da Prefeitura de Belo Horizonte (Lei 8.616/2003). Só são permitidas nas ruas atividades as quais se enquadram ambulantes que utilizam veículo de tração humana como por exemplo, pipoqueiros. Outras atividades permitidas são bancas de jornal e revistas, feiras como a de Arte e Artesanato da avenida Afonso Pena e atividades em veículo automotor como lanches rápidos.
O infrator pode receber multa, que varia entre R$ 743,81 a R$ 1.785,19, além de ter a mercadoria apreendida pelos fiscais.
Já os artesãos expõem nas ruas amparados pela Portaria 111/2014. É considerado artesão quem “vive da confecção e exposição de peças e objetos artesanais produzidos manualmente”. A portaria também determina locais específicos onde eles podem expor sua arte.
Lúcio Reis, 70, é um artesão que trabalha na praça Sete e é considerado um líder informal da categoria. Ele trabalha com couro, metal e madeira transformando-os em pulseiras, colares, bolsas, coletes, etc. Segundo ele, são cerca de 500 artesãos que trabalham atualmente nas ruas em Belo Horizonte.
Ele é enfático quando perguntado sobre camelôs na cidade: “Nós temos licença para trabalhar e, se aparecer algum camelô por aqui, nós não deixamos ficar mesmo”. (CD e JG)