A cabeleireira Luciene de Oliveira, 45, enfrenta dificuldades para atender suas clientes. Sem água há aproximadamente 15 dias, para lavar o cabelo das mulheres que procuram o salão de beleza localizado no bairro Jardim Montanhês, na região Norte de Belo Horizonte, ela precisa usar a água armazenada em baldes. O problema não é exclusivo do bairro Jardim Montanhês. Em levantamento realizado pela reportagem de O TEMPO, foi constatado que moradores de outras regiões da capital também estão desabastecidos. É o caso do Caiçara, na região Noroeste, e do Buritis, na Oeste, onde leitores afirmam que estão sem água há dias.
“Falta água durante o dia e ela só volta de madrugada. Então, eu estoco essa água para lavar os cabelos no dia seguinte. Ainda não sei os motivos, mas acho que isso é em toda a região”, afirma Luciene.
A advogada Lilia Gomes, 55, que vive em um prédio localizado na rua Bartira Mourão, no bairro Buritis, afirma que durante três dias os moradores tiveram que conviver com a falta de água. Ainda de acordo com ela, o abastecimento no prédio foi suspenso no dia 19 de janeiro e só foi retomado na tarde desta quinta.
“Um técnico da Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais) foi até o prédio e disse que era um problema no hidrômetro. Porém, os moradores não estão acreditando nessa versão, já que temos relatos de pessoas que moram em prédios vizinhos e que também estão na seca. Acho que está faltando água mesmo”, diz.
Medidas. Para tentar diminuir o consumo e, dessa maneira, economizar água, tanto Luciene quanto Lilia tiveram que mudar alguns hábitos dentro de casa. A cabeleireira, que mora em um imóvel no mesmo terreno onde funciona o salão de beleza, contou à reportagem que passou a varrer o quintal e a calçada em vez de lavá-los. Além disso, ela reduziu a quantidade de dias na semana em que lava roupa e coloca água nas plantas.
Já a advogada tem uma família grande. Ela mora com o marido e dois filhos e conta que toda a família reduziu o tempo de banho para somente dez minutos. Além disso, agora, todos eles desligam o chuveiro enquanto ensaboam o corpo ou lavam o cabelo. “Não temos uma orientação oficial do que fazer, então, estamos adotando medidas isoladas. Acho importante realizar esta economia para que não volte a faltar água”, concluí Lilia.
Resposta
Negativa. Procurada, a assessoria da Copasa informou que nenhum bairro da capital sofre com desabastecimento. Porém, alertou que é importante que os moradores reduzam o consumo.
Betim
Por causa da crise hídrica, alguns bairros de Betim passam por falta de água. Esse é o caso do Filadélfia, onde mora o aposentado José Eustáquio de Carvalho, 67. “Há dias que estamos perdendo a água aos poucos. Não é rotina, mas de vez em quando ficamos sem água na parte da tarde e o sistema só é restabelecido de madrugada”, diz. O sócio-proprietário de um lava-jato no centro, Eduardo da Silva, 55, também reclama. “Vai chegando o fim do dia e a água acaba. Isso tem nos dado muito prejuízo”.
Interior
Os vereadores da cidade de Ouro Preto, na região Central, começaram a discutir a possibilidade de cobrar pela água fornecida aos moradores. Atualmente, as residências da cidade pagam apenas uma taxa de R$ 11 para ter o serviço, independentemente do consumo. Já a cidade de Viçosa, na Zona da Mata, decretou estado de emergência. O município vai implantar restrições para coibir o desperdício dos moradores. Juatuba, na região metropolitana, também sofre com a falta de água.
Chuva
Apesar dos efeitos da estiagem prolongada, chuvas fortes e passageiras atingiram o Estado nesta quinta. Em Guaxupé, no Sul de Minas, a parede de um imóvel desabou durante um temporal. Houve queda de granizo no município. Já no centro da cidade, algumas vias chegaram a ficar alagadas e carros foram danificados. Em Brumadinho, na região Central de Minas, uma chuva de granizo durou 20 minutos e foi o suficiente para deixar várias pedras de gelo espalhadas pelas ruas da cidade.