Belo Horizonte não é a primeira cidade lembrada quando se fala em atividade industrial no Estado, ainda mais quando comparada com suas vizinhas Contagem e Betim, na região metropolitana. Só que, apesar de ser esquecido por muitos, o setor foi responsável no ano passado por 55,5% da arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), segundo dados da Secretaria de Estado da Fazenda de Minas Gerais, e respondeu por 15,2% do Produto Interno Bruto (PIB) da capital em 2015.
Além das indústrias tradicionais, como construção civil e panificação, comuns na maioria dos municípios, a primeira capital planejada do país abriga indústrias de grande destaque nos cenários nacional e internacional. Entre elas, a maior do setor de eletrodomésticos do Estado: a Suggar. Localizada no Distrito Industrial Olhos D’Água, a fabrica produz nove tipos de produtos, entre eles tanquinhos, secadoras e fogões de mesa. A marca, que virou sinônimo de depurador de ar no país, planeja crescer 20% em vendas neste ano, conforme o fundador do Grupo Suggar, Lúcio Costa.
E a capital ainda abriga uma das mais destacadas fábricas de lentes intraoculares do país, que exporta para 56 países, a Mediphacos. No mercado desde 1971, a empresa, localizada no bairro Buritis, na região Oeste da capital, vende seus produtos para o mercado internacional há 20 anos. “Mais de 2 milhões de pessoas no mundo usam algum dos nossos produtos”, observa o vice-presidente de vendas e marketing da empresa, Alexandre Guimarães.
E para atender justamente o setor industrial, há uma fábrica de tintas específica para a atividade, a Mamute Tintas Industriais, no bairro Jardim América, também na região Oeste da capital.
De acordo com o economista da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) Paulo Casaca, as primeiras atividades industriais na capital foram registradas entre 1830 e 1880. Eram fábricas de material de construção, que ajudaram a erguer Belo Horizonte, além de fundições de ferro e bronze e companhias de fiação e tecelagem.
Segundo a Junta Comercial do Estado de Minas Gerais (Jucemg), existem no Estado 79.359 indústrias ativas. Em BH, são 9.410, 11,8% do total de Minas. A mais antiga é a Companhia de Fiação e Tecidos Cedro e Cachoeira, fundada em 1888. A hoje Cedro Têxtil é sediada na capital, mas as quatro unidades fabris ficam interior.
Jatobá. No Distrito Industrial Vale do Jatobá, no Barreiro, tem a Elmec, fabricante de componentes eletromecânicos e que fornece para grandes empresas como Vale, Usiminas Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). “Fornecemos para indústrias de base, para segmentos de mineração, siderurgia e indústria cimenteira”, conta o diretor Rodrigo Miranda.
A empresa está no mercado desde 1973, só que, antes, estava localizada no bairro Lagoinha. Ela começou 2018 com expectativa de crescimento. “Este ano, indiscutivelmente, está melhor do que 2017, tanto que voltamos a contratar. A perspectiva é de aumento nas vendas em torno de 15% em 2018 frente ao ano anterior”, diz. Apesar da melhora, ele ressalta que a indústria de fabricação de componentes de proteção e controle para equipamentos de movimentação de cargas e materiais está com o faturamento no mesmo patamar de 2010.
Construção é o setor mais presente na capital
O setor industrial predominante em Belo Horizonte é a construção civil, tanto em número de indústrias (54,9%), quanto em quantidade de empregados (56,3%), conforme dados da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). Conforme o economista da entidade Paulo Casaca, a participação da atividade no Produto Interno Bruto (PIB) da capital já foi maior do que os 15,2% em 2015.
Em 2010, o segmento era responsável por 17,6% da riqueza produzida na cidade. Para ele, um dos motivos da redução da participação da indústria no PIB de BH tem relação com a valorização imobiliária dos grandes centros urbanos. “Isso costuma deslocar as indústrias para o interior, uma vez que as plantas industriais tendem a demandar espaços relativamente maiores”, analisa.