Para abrir uma empresa, seja qual for o tamanho dela, o empresário terá pela frente filas e taxas nos cartórios e órgãos de licenciamento. Segundo o consultor de internacionalização de negócios da Fundação Dom Cabral (FDC) e sócio da FIR Capital, David Travesso, tudo seria mais simples e econômico se não fosse tanta burocracia. “Se o país tem muitas prioridades, e faltam recursos, tanto humano como financeiro, é preciso eleger as prioridades. Eu vejo dois caminhos para o Brasil: investir na desburocratização e na educação”, destaca Travesso, que abriu nesta segunda (4) o seminário Brasil: Desafios e Oportunidades. O evento, realizado na sede da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), foi promovido pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em parceria com escritórios de advocacia, Fecomércio-MG e jornal O TEMPO.
Segundo o coordenador técnico do evento, Joel Gomes Moreira Filho, foi o início de um ciclo de debates que, no ano que vem, percorrerá todas as regiões do Brasil, em busca de soluções para melhorar a competitividade nacional. “Estamos atravessando um momento de crise estrutural, com componentes políticos, econômicos e sociais. Nesse cenário, o objetivo do seminário é discutir quais são os nossos desafios e quais possibilidades podem ser apresentadas”, destaca.
A inovação e a segurança jurídica são os principais eixos para esse debate. “Precisamos de mais eficiência. E temos que nos readaptar. No caso do governo, por exemplo, porque não criar uma cidade inteligente, a partir da tecnologia? O cidadão poderia simplesmente baixar um aplicativo e informar sobre uma lâmpada queimada na sua rua ou um buraco na calçada. Seria mais simples e mais eficiente”, exemplifica Moreira Filho.
O outro eixo do debate é a segurança jurídica. “Tem muito capital estrangeiro querendo investir no Brasil, mas ele não vem porque os investidores não acreditam que o país vai cumprir o que se combina”, afirma o coordenador.
Segundo o diretor jurídico da Cemig, Luciano Ferraz, o recente leilão das hidrelétricas da estatal mineira exemplifica isso, uma vez que, após a edição da MP 579, a empresa perdeu o direito de prorrogação automática do contrato. “O setor elétrico passou por uma transformação no meio do caminho. Isso pode acontecer de novo e tende a diminuir o apetite dos investidores. É exatamente essa falta de definição dos critérios que faz o custo Brasil ser mais alto”, afirma.
‘Cemig está sempre aberta ao diálogo’
A Cemig está aberta a negociar um acordo com os chineses, que arremataram São Simão, para ficar com pelo menos um pedaço dessa usina, que era a maior das quatro hidrelétricas arrematadas no leilão realizado pela União em setembro. “A Cemig está sempre aberta para dialogar, desde que a oportunidade de negócio seja interessante para a companhia, para os acionistas e para o povo de Minas”, destacou o diretor jurídico da empresa, Luciano Ferraz, que participou na segunda-feira do seminário Brasil: Desafios e Oportunidades.
Logo após o leilão, o presidente da Cemig, Bernardo Salomão Alvarenga, chegou a anunciar a possibilidade de trocar a usina de Santo Antônio por uma parte de São Simão. Os chineses ficariam com a participação de 22,4%.
Ferraz confirmou que a Cemig se sentou com os chineses para conversar sobre acordos mais gerais envolvendo São Simão, mas não detalhou se essa troca entrou no diálogo.