Quando Isaías Bernardes de Oliveira completou 18 anos, seu pai, Francisco Olímpio de Oliveira, conhecido na cidade de Frutal, no Triângulo Mineiro, como Chiquinho, abriu uma sorveteria para o filho. “Era uma portinha em Frutal, a loja tinha 16 m². Não achei que ia crescer tanto assim, foi surpreendente”, contou o mineiro Isaías ao lembrar-se do começo da Chiquinho Sorvetes. Hoje, são 408 lojas no país e, até o primeiro trimestre de 2018, a meta é chegar a 500 lojas franqueadas. Sem limite para parar de crescer, Isaías disse que isso só vai acontecer quando a Chiquinho Sorvetes ocupar todos os espaços possíveis. “Enquanto tiver demanda, vamos crescendo”, informou.
Com presença em 26 Estados – só falta o Amapá – e faturamento na casa dos R$ 300 milhões anuais, a rede quer aumentar a presença em capitais e no mercado norte-americano. “Queremos virar uma marca internacional”, disse. Por isso mesmo, a rede se prepara para ter a primeira experiência fora do Brasil: até julho deste ano a Chiquinho Sorvetes terá uma unidade em Miami, nos EUA. “Na Flórida, vamos abrir unidades próprias até conhecer o mercado de lá”, contou o empresário de 55 anos. “Vou transferir um gerente e montar a equipe lá mesmo. A primeira loja terá dez funcionários e um investimento total de US$ 1 milhão. Vamos abrir três lojas entre 2017 e 2018”, explicou Isaías, que não encontrou burocracia para o negócio em solo norte-americano. “Para abrir empresa lá é uma semana, é muito fácil. Aqui é muita documentação”, comparou.
Trajetória. Isaías contou que nasceu em Frutal e ficou lá até os 26 anos quando mudou-se para Guaíra (SP) para expandir a rede que hoje tem sede em São José do Rio Preto. “Toquei a loja de 1980 a 1986 em Frutal. Com a primeira filial em Guaíra, em 1986, mudei para lá para cuidar da loja e meu pai e a família continuaram em Frutal. Comecei a fazer a expansão nas cidades vizinhas”, explicou.
Com o pai Chiquinho, que tinha um sítio com lavoura de abacaxi em Frutal, Isaías contou que aprendeu muito da vida. “Meu pai era honesto, íntegro, com muita ética e transmitia muito isso para mim. Era uma pessoa cristã, passava esses valores para nós e a maior herança que ele deixou foi essa”, contou Isaías sobre o pai que faleceu em 2004. Nessa época, a rede tinha pouco mais de 30 lojas.
Para Isaías, o crescimento robusto da Chiquinho Sorvetes se deu a partir de em 2010. Até então, a empresa era familiar com 80 lojas. “Eu ensinava a fazer o produto para ajudar a família. Quem quis abrir, eu ajudava. Em 2010 já era uma marca conhecida na região mas não era franquia, então, iniciamos o projeto de expansão com franqueadores”, informou.
Com um investimento necessário de R$ 350 mil a R$ 400 mil, o número de lojas tem crescido a cada ano. “Em 2015 foram 103 novas unidades. Foi o ano em que a rede mais cresceu em número de lojas. Em 2016, foram mais 70 lojas abertas, apesar da recessão, e continuamos crescendo”. Neste ano, já são quase 50 lojas vendidas e a meta é chegar a 80. E por quê cresce? “O nosso foco é a qualidade do produto, a saborização, é um produto que atende todas as classes sociais e faixas etárias. Tem um custo acessível de R$ 2,50 a R$ 3 a casquinha até o preço máximo de R$ 12 a R$ 14. Um shake mix está de R$ 10 a R$ 12 com alta qualidade”, respondeu o executivo que tem no portfólio cem produtos.
Em Minas Gerais, a Chiquinho Sorvetes tem no Estado o seu terceiro mercado depois de São Paulo e Paraná respectivamente. “Em Minas dá para dobrar o número de lojas devido ao número de municípios”, contou Isaías. A empresa tem 47 franquias em Minas Gerais.
Grandes números
800 mil litros de bebida láctea para o sorvete são feitos por mês
R$ 350 mil a R$ 400 mil são necessários para a franquia
Produção do sorvete
Insumo é feito em laticínio de Goiás
A Chiquinho Sorvetes faz parte do Grupo CHQ, uma holding que administra sete empresas dentre logística, distribuição, projetos das lojas, agência de publicidade, restaurante e a franquia Chiquinho Sorvetes. “Verticalizamos o negócio, temos ainda uma empresa de softwares que desenvolve programa de vendas da unidade. Temos mais controle e qualidade, já tivemos problemas com terceiros”, contou o presidente do grupo, Isaías Bernardes de Oliveira, que estudou até o segundo grau.
Fabricação. A Chiquinho Sorvetes tem uma dinâmica diferente. Não existe uma fábrica do sorvete, mas, sim, um laticínio em Goiás que produz a bebida láctea que vai servir de base para o preparo do sorvete nas máquinas instaladas nas lojas.
São produzidos 800 mil litros por mês da bebida que sai do laticínio nos sabores creme e chocolate para abastecer as lojas. “Ela já vai pronta e é colocada na máquina da loja. Saborizamos na hora de acordo com o que o cliente pede”, contou Isaías, sobre os mais de cem sabores.
O produto é elaborado na hora. “Não vai para aquele processo de congelamento. O sorvete é sempre cremoso. Entregamos em todo o Brasil, a cada 15 dias. Em dezembro, foram quase cem caminhões”.