Uma falha de comunicação e uma descarga de 7.800 volts. De repente, o eletricista terceirizado Lúcio Nery, 38, perdeu as duas mãos e a perna esquerda porque recebeu um falso sinal de que a rede estava desligada. Entre inchaço, queimadura e três meses de hospital, nada doeu mais do que a volta para a casa. A caçula de Nery, então com 8 anos, não o reconheceu. “Eu fiquei com medo. Pensei que ele não era meu pai, porque meu pai não tinha os braços cortados”, conta Iorrane Nery, hoje com 10 anos.
Foi um cachorro, um pincher chamado Trezentos, que restabeleceu a harmonia entre pai e filha. “O nome é exatamente quanto paguei por ele. Foi um elo que ajudou a reconquistar meus filhos”, lembra o eletricista. “Meu pai faz tudo. Prepara a comida, ensina meu irmão a criar antena e a fazer canteiro. A gente brinca, dança. E eu acabei com ele no jiu-jitsu”, conta filha Yasmin, 12. “Hoje eu sou a cabeça e meu mais velho, Ezequias, 15, são meus braços”, diz Nery.
Dois anos depois do choque que tomou em Patrocínio, no Triângulo Mineiro, ele briga na Justiça para que a Cemig arque com suas próteses. “Já fiz exames e testes. Para as mãos, cada prótese custa R$ 150 mil”, afirma. Nery não era funcionário direto da Cemig, mas de uma empreiteira que prestava serviços para a concessionária. “A cobrança das empreiteiras é grande para fazer o serviço, às vezes não dá tempo nem de colocar os equipamentos ou fazer todos os procedimentos de segurança. E quando tem acidente, nem sempre a terceirizada repassa. Já vi ocorrências que nunca foram informadas. Eu mesmo já caí de poste e capotei na estrada. Os funcionários têm medo de ser demitidos ou de ficar queimados no mercado, então aceitam esconder”, conta Nery que, no dia do choque, estava há 16 dias trabalhando.
O Ministério Público do Trabalho entende que, além da contratante, a tomadora do serviço também tem responsabilidade solidária, pois tem que exigir que a empresa contratada cumpra as obrigações de segurança. (APP e QA)
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