SÃO PAULO. A greve dos bancários, que completou um mês nessa quarta-feira (5), dificulta as concessões de financiamentos para a aquisição da casa própria, um dos poucos setores da economia que ainda depende do atendimento presencial na agência. Rodrigo Luna, vice-presidente de habitação econômica do Secovi-SP (sindicato do mercado imobiliário), explica que são dois os canais de contágio da greve sobre o setor: o financiamento do imóvel para o comprador e a concessão de empréstimos para o andamento da obra.
Para ele, o mutuário que já entregou a documentação para o banco poderá precisar providenciar versões mais recentes dos papéis. Isso porque alguns deles têm “prazo de validade”, como os comprovantes de renda. Existe ainda o risco de o comprador perder a capacidade de pagamento no período.
“Muitos mutuários podem perder capacidade de contratar o crédito devido à correção monetária que os imóveis sofrem”, disse Luna. Por isso, parte dos financiamentos na fila poderão demorar mais para sair do papel ou mesmo criar uma desistência.
Na ponta das construtoras, o impacto é menos evidente porque grandes empresas passam pelos escritórios corporativos dos bancos. “Não parou 100% (da operação do banco), e é claro que os escritórios corporativos sofrem um pouco menos, mas no final do dia tudo anda numa velocidade menor”, justifica o vice-presidente do Secovi-SP. O sindicato não estima o impacto financeiro da greve.
Mistura. As indústrias de máquinas e equipamentos, que têm clientes que precisam contratar o financiamento no banco, também sofre com a greve dos bancos, segundo a Abimaq (entidade que representa do setor). Mas, de acordo com Hiroyuki Sato, diretor executivo de assuntos tributários, relações trabalhistas e financiamentos da Abimaq, é difícil distinguir o que vem da crise do que vem da greve.
“O setor está faturando hoje mais ou menos 50% do que faturou em 2012 e 2013. A gente não sabe o que, da queda nas vendas, é da greve, e o que vem da falta de confiança”, diz Sato.
Sato diz ainda que as necessidades das empresas por crédito, como linhas de financiamento a exportação, têm sido atendidas em agências que não aderiram à greve. Segundo a Contraf (confederação que representa trabalhadores do setor financeiro), a greve fechou 13.104 agências, o equivalente a 56% dos postos de atendimento.
Desencontro
O que os bancários pedem
Reajuste: 5% mais a inflação de 9,62%
Benefícios: R$ 880 em vales-alimentação, refeição, 13ª cesta e auxílio-creche
Piso: R$ 3.940,24 (equivalente ao salário mínimo do Dieese)
O que os bancos oferecem
Reajuste: 7% sobre salário e benefícios
Abono: R$ 3.500
Piso: R$ 2.856,31
Alternativas para o cliente pagar contas:
Pelo internet banking, nas máquinas de autoatendi-
mento ou por aplicativos no celular; em agências lotéricas, Correios e até supermercados e drogarias