A inflação oficial do país, medida pelo IPCA, ficou em 0,61% em abril, divulgou na manhã desta sexta-feira (6) o IBGE. É o menor resultado para o mês desde 2013, quando foi de 0,55%.
O índice de abril acelerou em relação a março (0,43%), mas no acumulado do ano apresenta trajetória descendente, devido principalmente à recessão econômica, ao desemprego e ao impacto da crise na renda dos trabalhadores.
No acumulado de 12 meses encerrados em abril, o índice esteve em 9,28%, inferior aos 9,39% verificados no período de um ano encerrado em março.
A trajetória no acumulado em 12 meses é de desaceleração desde janeiro. O corte em 12 meses é um termômetro de onde a taxa poderá estar ao final do ano.
Em janeiro, o IPCA esteve em 10,71%, muito acima do teto da meta do governo, de 6,5% ao ano.
A crise já dá mostras de que terá influência na dinâmica de preços. A desaceleração iniciada no primeiro mês do ano continuou em fevereiro (10,36%), março (9,39%) e, agora, em abril (9,28%).
Economistas apontam que em períodos de crise e desemprego, a população muda hábitos de consumo e, em último caso, reduz a quantidade de produtos e serviços consumidos. A queda da demanda força os preços para baixo.
Surpreendeu, no entanto, o fato de ter havido aceleração da inflação de um mês para o outro. Economistas esperavam desaceleração do indicador justamente por causa dessa demanda reprimida pela crise.
Não foi o que se viu: alimentos pressionaram o indicador a despeito da esperada queda na demanda. Alimentação é um quarto do gasto mensal das famílias.
"Nós formulamos certas expectativas e hipóteses sobre o que poderá acontecer, mas às vezes os números mostram realidade diferente. Isso não significa que a demanda não está agindo. Não fosse a redução da demanda, talvez esses números pudessem estar ainda maiores", disse a coordenadora do Índice de Preços do IBGE, Eulina dos Santos.
Nos quatro primeiros meses do ano, a inflação ficou em 3,25%. No primeiro quadrimestre de 2015, a taxa de inflação foi de 4,56%.
Grupos
Na passagem de março para abril, os grupos de serviços e produtos que mais tiveram aumento de preços -e portanto, que mais pressionaram o índice de inflação- foram os alimentos (alta de 1,09%) e o grupo de saúde e cuidados pessoais (2,33%).
Saúde inclui, por exemplo, consultas médicas e produtos farmacêuticos. Remédios aumentaram de preço em 6,26%, em razão de reajuste de preços que entrou em vigor em 1º de abril.
No lado dos alimentos, a batata-inglesa foi a vilã, ao registrar alta de 13,13% em abril. Juntos, os saúde e alimentos responderam por 89% do índice em abril.
Deflação
Na outra ponta, o grupo habitação foi o único dos nove pesquisados que teve de fato queda de preços. O motivo foi a redução das tarifas de energia elétrica. Na passagem de março para abril, os preços tiveram queda de 3,11%.
As tarifas caíram com a adoção da chamada bandeira tarifária verde, que significa o fim da cota extra na conta de luz.
Atualizada às 11h53