O medo de perder o emprego está maior com as incertezas políticas e econômicas. Consequentemente, muita gente tem adiado o plano de assumir longas dívidas, como financiar um imóvel. Esse temor está por trás da inversão da demanda imobiliária. Segundo levantamento do portal de imóveis VivaReal, se há três anos 68% procuravam imóveis para comprar e 32% queriam alugar, agora a procura pelo aluguel praticamente dobrou e a de compras caiu quase que pela metade, em Belo Horizonte. Em março deste ano, o portal, que reúne várias imobiliárias e corretores, verificou que 61% das pessoas buscavam algo para alugar e 39% queriam comprar.
O executivo chefe de operações do VivaReal, Lucas Vargas, explica que normalmente a demanda por compra é maior. No entanto, desde abril do ano passado, quando a Caixa Econômica Federal reduziu o percentual de financiamento de 70% para 50% do preço do imóvel, muitas pessoas que queriam comprar foram obrigadas a alugar. “Com a escassez dos recursos de poupança, os financiamentos ficaram mais restritivos e acentuou-se a procura por aluguel”, destaca.
Em março deste ano, a Caixa Econômica elevou novamente o teto para 70%. “Mas os bancos estão mais rígidos para aprovar o financiamento, e o consumidor acaba ficando sem condições de adquirir o imóvel desejado”, comenta Vargas.
O vice-presidente de corretoras de imóveis da Câmara do Mercado Imobiliário (CMI/Secovi-MG), Breno Donato, afirma que, no cenário atual de insegurança no governo, tanto compras como locações caíram. “Se analisarmos bem, a participação do aluguel aumentou porque, na dúvida, é melhor alugar e esperar o mercado se adequar, pois a compra é um investimento mais definitivo. Mas é um bom momento para compras”, avalia.
Boa hora. O vice-presidente da área imobiliária do Sindicato da Indústria da Construção Civil em Minas Gerais (Sinduscon-MG), José Francisco Cançado, reforça que essa é realmente uma boa hora para comprar imóvel pois, após um congelamento de lançamentos provocado pelo desaquecimento da demanda, as construtoras já estão se preparando para voltar a lançar. “Os lançamentos já começaram a subir novamente, e as vendas estão acontecendo e comendo esse estoque. Por exemplo, em dezembro do ano passado foram lançados 109 unidades e vendidas 317; em fevereiro deste ano foram lançadas 287 e vendidas 345.”
Cançado lembra que, atualmente, os preços estão estáveis, na faixa de R$ 7.000 o m², em média. “Quando os estoques caírem e a demanda continuar aumentando, os preços podem voltar a subir. E para os novos lançamentos, já virá embutido no valor o custo do reajuste da mão de obra, que foi de 6%”, ressalta.
Mercado
Estoque em baixa. De dezembro de 2015 a fevereiro deste ano, foram lançadas 479 unidades e vendidas 796, segundo levantamento da Brain Inteligência de Mercado, para o Sinduscon-MG.