O período de seca afugentou o turismo em cidades que têm na água seu principal atrativo. A estiagem e o baixo volume dos rios, represas e cachoeiras têm preocupado prefeituras e empresários, que já arcam com grandes prejuízos para a economia dos municípios.
Três Marias, na região Central, e Pirapora, no Norte – ambas banhados pelo rio São Francisco –, amargam índices altíssimos da fuga de turistas. Há um redução de número de visitantes de 80% e 60%, respectivamente, desde 2014.
O prefeito de Três Marias, Vicente Rezende, admite que a situação é dramática e que o rombo na receita do município é bem maior. “A prefeitura deixou de arrecadar com os royalties referentes a área alagada, devido a baixa na geração de energia da usina.”
O lago de Três Marias, em situação normal, possui 1.040 km² de água e, atualmente, encontra-se com apenas 340 km². “Em 66 anos de vida, nunca vi uma situação dessa”, conta Norberto Antônio dos Santos, mais antigo pescador da cidade. Com seis barcos que aluga para pesca turística, ele lamenta o baixo movimento de seu negócio e a redução drástica de peixes na área.
Em Pirapora, onde o ‘Velho Chico’ agoniza com a estiagem, o movimento de visitantes caiu desde 2014. Segundo o presidente da Empresa Municipal de Turismo de Pirapora (Emutur), Anselmo Rocha, o impacto financeiro ainda não foi contabilizado, mas já afetou restaurantes, hotéis e ambulantes que vivem do turismo. “As duchas estão sem água e paralisamos as atividades do Benjamin Guimarães, que realizava passeios e apresentações musicais dentro do vapor”, afirmou Rocha.
No mais tradicional hotel da cidade, o número de hóspedes caiu 5%, desde 2013. O dono do hotel Canoeiros, Marcelo Ribeiro Felisberto, 34, acredita que os passeios na única embarcação no mundo movida a lenha são o que mais atraem visitantes. “O turismo já não estava bom e caiu com a paralisação do Benjamin Guimarães”, disse.