O brasileiro não esqueceu como enfrentar as crises financeiras com as ferramentas que tem à mão. O uso da internet e das redes sociais para economizar é um exemplo disso. Segundo dados disponibilizados pelo Google, a procura por produtos usados no buscador aumentou 50% em um ano. Já as receitas culinárias caseiras saltaram 220% no mesmo período, e as buscas por informações sobre como consertar eletrodomésticos subiram 36%.
No Facebook, as páginas de troca e venda de roupas usadas se multiplicam. A dona de casa Adeliane Lima, 26, administra dois grupos na rede social, o Bazar Feminino BH e o Desapegos BH Babys and Kids. O último conta com cerca de 35 mil cadastrados. Em março de 2015, eram 10 mil, um acréscimo de 250%. “Todo dia tem pelo menos umas cem solicitações (para entrar no grupo)”, diz.
Para ela, o grupo é uma alternativa aos altos preços do comércio convencional. “Muitas pessoas abrem um post procurando um item antes de ir em uma loja. Outra facilidade é achar produtos na mesma região onde mora, pois não precisa gastar com passagem e gasolina”, conta.
A manicure Patrícia Guts, 27, participa de grupos de troca e venda de roupas no Facebook e no WhatsApp há cerca de um ano. “Desde então não vou mais às lojas para comprar produtos novos”, conta. Patrícia já comprou de tudo nas redes: roupas para ela e para as filhas de 9 e de 1 ano, cadeirinha de carro e babá eletrônica. “Minha última aquisição foi uma bolsa que na loja custa R$ 250, e eu paguei R$ 40”, comemora. “Busquei os grupos por causa da crise mesmo, preciso economizar”, declara.
Bye, bye, Miami. A recessão econômica aumentou o interesse e a procura por produtos seminovos, na opinião de Chris Rocha, proprietária do brechó infantil Tudo Novo de Novo, que começou nas redes sociais e hoje tem uma loja física no bairro Santo Antônio. “Meu público está nas classes A e B. Antigamente tinha preconceito com o produto seminovo, hoje não tem mais”, afirma Chris. “A crise dificultou para o pessoal ir a Miami para fazer enxoval, e essas pessoas acabam vindo aqui, na loja”, conta a comerciante. Segundo ela, cerca de 80% de seus produtos são importados. Por outro lado, ela identificou que aumentou a sua concorrência. “Muita gente agora tenta vender as roupas direto no Facebook”, afirma.
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