Cinco meses depois de voltar ao posto de presidente da Usiminas, o executivo Rômel Erwin de Souza foi demitido nessa quinta-feira (23). No lugar dele, entra Sergio Leite, que volta a ocupar a cadeira deixada em outubro do ano passado, quando a Nippon Steel conseguiu na Justiça a anulação da eleição e a recondução de Souza ao comando da siderúrgica. Segundo comunicado enviado ao mercado via Fato Relevante da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a mudança foi aprovada pelo Conselho de Administração por sete dos 11 votos.
Nos bastidores, a justificativa para a destituição foi um deslize de Souza, que teria descumprido normas do estatuto da siderúrgica, ao não compartilhar com os demais diretores uma decisão referente à renegociação de um contrato com a Mineração Usiminas (Musa).
O artigo 22 do estatuto diz que uma decisão em contratos de grande porte de requer a assinatura de pelo menos dois diretores da companhia. Mas Souza teria assinado sozinho alterações contratuais referentes à Musa, maior fornecedora de minério de ferro, que é o principal insumo da Usiminas. A siderúrgica confirmou a substituição no comando, mas não esclareceu os motivos da destituição.
Souza que ficou na presidência entre outubro de 2014 e maio de 2016, foi indicado pela Nippon, controladora japonesa da Usiminas. Leite, que entrou no lugar dele em maio do ano passado e saiu em outubro, é indicação da outra controladora, a italiana Ternium.
Ambas travam a maior disputa societária já vista no Brasil. Recentemente, a Ternium propôs a inclusão de uma cláusula de saída no acordo de acionistas, para que uma das partes tenha o poder de decisão. A Nippon não aceitou. Na época, fim do ano passado, o presidente da Nippon, Hironobu Nose, classificou a proposta italiana como uma “roleta russa” e fez uma contraproposta para incluir uma regra de alternância de poder, com uma indicando o presidente da Usiminas e, outra, o presidente do Conselho de Administração. Nose disse que até aceitaria a volta de Sergio Leite, para começar a gestão alternada. Executivos das duas controladoras chegaram a se encontrar em fevereiro, mas o resultado da reunião nunca foi divulgado.
Na prática, embora não nos mesmos moldes propostos inicialmente pela Nippon, a alternância está acontecendo. Leite substituiu Souza em maio do ano passado, mas sua eleição foi derrubada na Justiça porque a empresa japonesa questionou a quebra do acordo de acionistas, que prevê consenso na indicação do nome. Souza voltou em outubro, mas agora foi trocado novamente pelo seu antecessor.
Violação
Entenda. A queixa de violação do estatuto foi levada ao Conselho pelos minoritários (representantes da CSN). Os representantes da Nippon e da Previdência votaram contra a saída de Rômel.