Brasília. Em meio à série de medidas impopulares dos últimos dias, a presidente Dilma Rousseff não rompeu o silêncio de mais de 30 dias. Esse é o maior período em que ela fica sem responder a perguntas de jornalistas desde maio de 2013, quando passou 31 dias sem falar à imprensa. A última entrevista de Dilma foi no dia 22 de dezembro do ano passado. Naquele dia, a presidente ofereceu o café da manhã anual aos jornalistas que acompanham o dia a dia do Planalto. Na ocasião, falou por cerca de uma hora e meia.
Desde então, a presidente não se manifestou publicamente sobre temas que têm mexido com a vida dos brasileiros, como as medidas anunciadas no fim de 2014, endurecendo as regras para concessão de benefícios trabalhistas. Muito menos sobre a escolha de ministros polêmicos, como o do Esporte, o pastor George Hilton, do PRB. Dilma também ainda não falou sobre o aumento de impostos, da gasolina, nem sobre o reajuste nas tarifas de energia, tampouco sobre o apagão de energia, nesta semana.
Nesta quarta, a presidente recebeu uma nova avalanche de críticas pelas medidas e novamente foi criticada por não se pronunciar à população.
Em vídeo postado no Facebook, o senador Aécio Neves (PSDB), principal adversário político da presidente e derrotado por ela na eleição de outubro, acusou a presidente de ser irresponsável ao não admitir antes a gravidade da situação do país. “Faltou à então candidata Dilma Rousseff a responsabilidade para admitir a gravidade da crise econômica, a gravidade da crise do setor elétrico para tomar as medidas necessárias para minimizar seus efeitos”, disse Aécio, que ainda acusou a petista de mentir aos brasileiros na campanha.
Na opinião de Aécio, a presidente Dilma, ao adotar medidas amargas para tentar reverter a crise, não deixa claro aos brasileiros que a situação é culpa de seu governo. “Falta coragem à presidente da República para, olhando nos olhos dos brasileiros, dizer que as medidas que estão sendo tomadas são consequências dos inúmeros equívocos de seu governo”, criticou. O senador ressaltou ainda que o aumento de impostos renderá cerca de R$ 20 bilhões anuais aos cofres públicos.
Desde dezembro, a presidente tem preferido se manifestar por notas oficiais. Foi assim para anunciar os 39 ministros do segundo governo. Também foi por nota que Dilma condenou a execução do brasileiro Marco Archer, na Indonésia, no último sábado.
Sumida, petista irá à cerimônia de posse de colega boliviano
BRASÍLIA. A presidente Dilma Rousseff participa nesta quinta das cerimônias oficiais que marcam o terceiro mandato do presidente boliviano, Evo Morales. As solenidades ocorrem no Palácio de Governo, no Ministério de Relações Exteriores e na Assembleia Legislativa de La Paz. A participação de Dilma é uma retribuição à cortesia de Evo, que prestigiou a sua posse no dia 1º de janeiro.
Será a primeira visita oficial de Dilma à Bolívia em cinco anos de governo. As relações bilaterais entre os dois países ficaram estremecidas após a fuga do senador boliviano Roger Pinto Molina, trazido ao Brasil pelo diplomata Eduardo Saboia – o episódio levou à demissão do então chanceler Antonio Patriota. Ao todo, são esperados sete chefes de Estado para as solenidades de posse.
Primeiro déficit em 17 anos
Brasília. Mesmo com uma série de receitas extraordinárias e o adiamento de R$ 8 bilhões em despesas para este ano, as contas do governo Dilma fecharam no vermelho em 2014. A combinação de aumento de despesas em ano eleitoral com desonerações tributárias e fraco desempenho da arrecadação levou ao primeiro déficit primário nas contas do governo desde 1997, quando teve início a série histórica do Tesouro Nacional.
Resposta oficial
Explicação. Segundo a assessoria da Presidência, “a falta de entrevistas desde o Natal se explica pelo recesso da presidente no fim do ano e os despachos internos com os novos ministros”. A assessoria disse ainda que, ao longo de 2014, Dilma concedeu 44 entrevistas, sem contar coletivas como candidata. Neste ano, Dilma sequer retomou o programa semanal de rádio “Café com a presidente”, com políticas de governo e distribuído às emissoras interessadas.