Diante da possibilidade de ser afastada do cargo no próximo mês, a presidente Dilma Rousseff pediu à equipe econômica estudar medidas, classificadas por assessores de "pacote de bondades", para serem anunciadas no Dia do Trabalho, dia 1º de Maio.
Entre elas, a petista pediu que sua equipe avalie a viabilidade de reajustar a tabela do Imposto de Renda na Fonte, que não foi corrigida neste ano, e também de conceder um aumento para os benefícios do Bolsa Família.
O objetivo é fazer um aceno efetivo à base social da legenda e um contraponto ao vice-presidente Michel Temer, que pretende fazer um pente-fino em programas sociais como o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida.
A petista passou a avaliar um aumento dos pagamentos do Bolsa Família, como antecipou a Folha de S.Paulo, depois de ser informada que a medida faz parte dos planos do vice-presidente caso ele assuma o Palácio do Planalto.
A reportagem apurou, porém, que a equipe econômica considera difícil realizar um reajuste da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física neste momento.
Em relação ao Bolsa Família, havia no orçamento R$ 1 bilhão reservado para o reajuste do benefício, mas que acabou sendo remanejado para outras áreas diante dos cortes de despesas efetuados neste ano.
O secretário do Tesouro Nacional, Otávio Ladeira, ponderou que, sem a revisão da meta fiscal para 2016, não há espaço para promover novos gastos.
"Esse assunto [reajuste do Bolsa Família] poderá ficar para quando a nova meta [fiscal] for aprovada", disse.
O governo federal enfrenta uma das piores crises fiscais da história recente. Apenas nos três primeiros meses do ano, o rombo já alcança R$ 18 bilhões, mesmo com a receita extra de R$ 11 bilhões oriunda da venda de hidrelétricas no final de 2015.
Para evitar um novo panelaço, a presidente não pretende fazer pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão no Dia do Trabalho.
Ela deve gravar um vídeo que será divulgado em redes sociais e está sendo aconselhada a adotar um discurso no qual defenderá as conquistas das gestões petistas e criticará eventuais retrocessos em um possível governo peemedebista.
A petista tem sido pressionada ainda a participar de ato na capital paulista da CUT (Central Única dos Trabalhadores) na companhia de seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva.
Ela, no entanto, ainda não tomou uma decisão.