SÃO PAULO. O ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque será interrogado novamente pelo juiz federal Sergio Moro. Nessa quinta-feira (27), a defesa do réu enviou um ofício a Moro na ação penal sobre irregularidades na obtenção, pela empreiteira Odebrecht, de contratos de afretamento de sondas com a Petrobras pedindo para que ele fosse ouvido. Moro então marcou o novo interrogatório para o dia 5 de maio.
“O ora acusado, de forma espontânea e sem quaisquer reservas mentais, pretende exercer o direito de colaborar com a Justiça nos termos do artigo 1º parágrafo 5º da Lei 9.613/1998, para tanto requer seja designado por V.Exª. data para que seja submetido a novo interrogatório. Tal pretensão do acusado é feita livre de qualquer coação física ou mental e representa seu desejo de colaborar com as autoridades na elucidação dos fatos ora investigados”, escreveu a defesa a Moro.
De acordo com a colunista “Mônica Bergamo”, do jornal “Folha de S.Paulo”, uma pessoa próxima de Duque afirma que ele pretende “abrir a caixa de ferramentas e, com elas, a porta do inferno, contando tudo o que sabe do esquema de corrupção na Petrobras”.
Na primeira vez que foi interrogado, o ex-diretor da Petrobras, indicado por José Dirceu (PT), ficou em silêncio. Depois disso, passou a tentar um acordo de delação que, agora, parece enfim estar ganhando corpo.
Existe a possibilidade de que Duque e o ex-ministro Antonio Palocci fechem acordos conjuntos para relatar irregularidades cometidas na companhia que injetaram recursos no PT. Por isso, as delações dos dois são as mais preocupantes para a legenda. Os dois possuem agora o mesmo advogado, Adriano Bretas. Ele já estava com Duque e passou a cuidar da defesa de Palocci recentemente, justamente para tratar do acordo de delação.
Além de complicar José Dirceu, uma eventual fala de Renato Duque, se casada com a de Palocci, poderia implicar ainda mais o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que teria recebido vantagens indevidas provenientes de propina na Petrobras, de acordo com relatos feitos a investigadores.
Na ação, além de Duque e Palocci, são réus o empreiteiro Marcelo Odebrecht e outros 12 investigados. Segundo a denúncia, entre 2006 e 2015, Palocci estabeleceu com altos executivos da Odebrecht “um amplo e permanente esquema de corrupção” destinado a assegurar o atendimento aos interesses do grupo empresarial na alta cúpula do governo federal.
O Ministério Público Federal aponta que, no exercício dos cargos de deputado federal, ministro da Casa Civil e membro do Conselho de Administração da Petrobras, Palocci interferiu para que o edital de licitação lançado pela estatal e destinado à contratação de 21 sondas fosse formulado e publicado de forma a garantir que a Odebrecht não obtivesse apenas os contratos, mas que também firmasse tais contratos com margem de lucro pretendida.
Duque está preso desde março de 2015 na Lava Jato. O ex-diretor foi condenado a mais de 50 anos de prisão em três processos.
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Duque negocia delação junto com Palocci e falará a Moro
Indicado pelo ex-ministro José Dirceu pode esclarecer repasses ilegais de recursos ao PT
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