SÃO PAULO. Tendo como base a eleição de 2014, um em cada quatro deputados federais teria ultrapassado o teto de gasto de R$ 2,5 milhões proposto em projeto de lei pelo relator da reforma política na Câmara, Vicente Cândido (PT-SP). O texto será debatido nesta terça-feira (26) no plenário da Casa. Dos 513 parlamentares, 122 deles (24%) gastaram mais do que o limite apresentado na proposta de Cândido.
No caso de Arlindo Chinaglia (PT-SP), parlamentar campeão de gastos, a proporção é quatro vezes maior. A campanha do petista custou R$ 10,2 milhões (valores atualizados) em 2014, segundo levantamento do cientista político Jairo Nicolau, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Se mantidas as atuais regras, no ano que vem, as eleições majoritárias e proporcionais terão financiamento exclusivo de pessoas físicas. Em 2015, o Supremo Tribunal Federal (STF) julgou inconstitucional doações empresariais. Pela lei, somente pessoas físicas podem doar a candidatos sob o limite de 10% do seu rendimento no ano anterior à campanha.
Senado e Câmara têm hoje pressa para estabelecer alternativas. Qualquer mudança deve ser aprovada até o dia 7 de outubro para entrar em vigor na próxima eleição. “As campanhas são muito caras no Brasil”, afirmou Nicolau. Segundo ele, o único país com gastos eleitorais maiores são os Estados Unidos. “Na França, na Alemanha, mesmo convertendo real para euro, as campanhas são mais baratas”, afirmou.
Um deputado federal eleito em 2014 gastou, em média, 15 vezes mais do que um candidato derrotado. O total de despesas dos postulantes a uma cadeira na Câmara foi de R$ 1,4 bilhão em valores atualizados, o que representa um gasto médio por concorrente de R$ 286 mil.
Para explicar melhor como funciona a relação entre gastar e ganhar eleição, Nicolau usou uma metáfora. “Mal comparando, um time de futebol tem mais chances de chegar entre os primeiros em um campeonato se tiver jogadores mais caros”, disse.
Fatia. PT, PMDB e PSDB são os partidos que mais lançaram candidatos em 2014 e, assim, os que mais gastaram. Juntos, desembolsaram 40% do total de R$ 1,4 bilhão, ou R$ 558 milhões.