Márcio Fagundes passou mais uma noite no cárcere. Conhecendo-o, sei que deve estar envelhecendo cinco anos a cada dia. Já foram três. Todo mundo sabe que ele é inocente e que está sendo mantido preso desnecessariamente, por excessos da Justiça. Quem deveria estar preso há muito tempo está solto.
Márcio não tinha relações com o vereador Wellington Magalhães, além daquela estritamente profissional, aliás, tinha pavor de chegar perto do político. O político foi o chefe que Márcio foi obrigado a engolir, pois assumiu anteriormente o cargo. Pediu para ser exonerado, mas foi convencido por outros vereadores a permanecer, pois devolveu à Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) alguma credibilidade perante a opinião pública.
Qualquer pessoa que tenha percepção mínima sabe quem é o vereador Wellington Magalhães. A energia dele é do mal, exala a negatividade. Márcio nunca teve intimidade com o ex-presidente da CMBH. No entanto, está preso, injustamente, por malfeitos do político, e não deveria se nivelar ao gângster Wellington Magalhães. Todo mundo sabe que ele não é.
A carreira do Márcio já foi destruída em troca de holofotes, mas a vida dele não pode ser aniquilada para que alguns apareçam e atendam uma população com sede de vingança movida por parte da imprensa sensacionalista, que desrespeitou o colega, insensatamente.
Conheço Márcio Fagundes, sei de suas dificuldades financeiras e sei também que ele não fez nada intencionalmente; é um indivíduo pacato e de vida modesta, hábitos simples, não tem posses nem qualquer apego por dinheiro. Vive com o mínimo.
Assinou documentos a mando de Wellington Magalhães. Márcio não tem maldade, não entende de administração pública. Não agia com olhos de policial, isso é tarefa da Procuradoria da Câmara. Ele cuidava com esmero da boa imagem do Parlamento municipal.
Wellington, sim, é, indiscutivelmente, uma ameaça à sociedade. As pessoas têm medo dele. É um político bandido, que demite delegados e ameaça qualquer um que cruze seu caminho. Desapareceu às vésperas de sua prisão. Alguém tem dúvida de que foi alertado?
Márcio não pode ser tratado como uma ameaça à sociedade. Tinha consciência tranquila, tanto que, mesmo alertado por amigos, abriu mão de advogados, pois nada fez de errado, confiou na Justiça, deu depoimentos e falou o que sabia, muito pouco.
Era, até a última terça-feira de manhã, funcionário de confiança do Ministério Público de Contas. Hoje, é um presidiário numa masmorra medieval do Ceresp.
Não podemos ficar calados diante dessa execração pública desnecessária. Vi o processo, e os argumentos para a prisão do jornalista não se sustentam. Ele não merece isso. Não podem destruir a vida de uma pessoa inocente.