Começando a andar pelo país em pré-campanha ao Palácio do Planalto, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), adotou um discurso de centro ao falar sobre a situação do país e criticar a polarização que tomou conta dos últimos pleitos eleitorais. O tom passa longe do praticado anteriormente por ele, até então defensor ferrenho da base do presidente Michel Temer. Maia discursou nesta segunda-feira em um hotel da região Centro-Sul de Belo Horizonte, durante o ato de filiação do deputado federal Rodrigo Pacheco – que é o nome da sigla para disputar o comando de Minas.
Para o presidente da Câmara, o momento é de dialogar. Caso contrário, em sua visão, o Brasil e os Estado vão entrar em um colapso financeiro, semelhante às situações de Minas e Rio. “Aquela política polarizada, radicalizada, que teve o seu papel na redemocratização brasileira, da qual nós também participamos, gerou um Estado onde ficou impossível pactuar acordos mínimos para o bem da sociedade”, declarou.
Maia ainda afirmou que está convencido de que esse ciclo – que, segundo ele, vem desde a redemocratização – irá terminar neste ano. “A sociedade vai exigir dos políticos mais diálogo, transparência, olho no olho, pé no chão e simplicidade para falar a verdade. Ninguém que faz política séria nesse país poderá entrar nas eleições de 2018 prometendo grandes investimentos. Quem estiver fazendo isso estará mentindo”, disparou.
Durante o encontro partidário, lideranças políticas se revezaram para elogiar o presidente da Câmara. Pacheco declarou que assumiu o compromisso de levar o nome de Maia para os 853 municípios mineiros. Esse apoio é visto como fundamental pelos democratas, já que o pré-candidato à Presidência soma apenas 1% nas pesquisas de intenção de votos. Se o nome dele não decolar, já é comentado nos bastidores que o DEM pode apoiar o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), para o pleito. Para se popularizar, Maia deu início, na última semana, às suas viagens pelo país.
Propostas
Em seu discurso, Rodrigo Maia não citou um tema recorrente em suas declarações: a intervenção militar no Rio de Janeiro. O presidente da Câmara disse que se fala muito em segurança e violência, mas que para isso é preciso investir em geração de renda e educação – o ministério responsável por essa área está a cargo de um nome do DEM, Mendonça Filho. “Só vamos reduzir a violência nesse país quando tivermos educação de qualidade e emprego para as nossa famílias”, disse Maia.
Outras pautas defendidas foram o enxugamento da máquina pública, o desenvolvimento econômico e a renovação política. O pré-candidato não concedeu entrevista.
Poucos amigos
Rodrigo Maia admitiu, durante discurso no evento, que é “sisudo”. Ele disse que mesmo com as eleições não vai mudar o seu jeito de “abraçar pouco” e “ser um político mais fechado”.