São Paulo. O ministro da Defesa, Raul Jungmann, pediu explicações ao comandante do Exército sobre a fala de um general da ativa sugerindo que pode haver intervenção militar caso o Judiciário não consiga resolver “o problema político” – uma referência aos casos de corrupção no país.
Em nota, o ministro fala que foram discutidas “medidas cabíveis a serem tomadas” em relação ao general Antônio Hamilton Mourão, secretário de Finanças do Exército. A nota não diz se algo será feito, mas a rigor ele pode ser punido porque a legislação veda a oficiais manifestações sobre o quadro político-partidário sem autorização expressa do Comando do Exército.
O comandante da Força, general Eduardo Villas Bôas, não fez comentários. Cabe a ele, legalmente, decidir o que fazer com Mourão.
“Reitera o ministro da Defesa que as Forças Armadas estão plenamente subordinadas aos princípios constitucionais e democráticos. Há um clima de absoluta tranquilidade e observância aos princípios de disciplina e hierarquia”, diz a nota.
Em palestra numa loja maçônica de Brasília na última sexta-feira, Mourão disse que os militares poderão ter de “impor” um intervenção e que essa “imposição não será fácil”.
O governo passou esta segunda-feira (18) avaliando como responderia ao caso. O Planalto considerou a frase de Mourão desastrosa, mas havia a preocupação de não ampliar a repercussão do episódio. Por outro lado, até pela viralização do episódio na internet, o Ministério da Defesa julgou melhor enquadrar o general.
Reincidente
Elogio. Em 2015, Antônio Hamilton Mourão perdeu o cargo de comandante da região Sul após ter feito duras críticas à classe política e exaltado a “luta patriótica”. Ele foi transferido para um cargo burocrático.