Brasília. O presidente nacional do PSDB, o senador mineiro Aécio Neves, chamou de “arrocho recessivo” o contingenciamento de quase R$ 70 bilhões no Orçamento da União anunciado nesta sexta pelo governo. Em nota, o tucano disse que os pobres são os que mais sofrem com os cortes e afirmou que a “máscara” do PT “cai em definitivo” após as medidas do pacote de ajuste fiscal.
“É bom que fique claro: essa conta não é do povo, é do governo do PT, mas é o povo que está pagando”, declarou. Na avaliação do tucano, o próximo passo do governo será o aumento de impostos. “A carga tributária, que aumentou ininterruptamente no governo Dilma, vai continuar a subir”, arriscou.
Aécio criticou a “tesoura do governo Dilma Rousseff” e o comprometimento dos investimentos públicos, que, em sua visão, poderiam impulsionar a economia no momento em que o país precisa “desesperadamente” retomar o desenvolvimento. “Os R$ 70 bilhões (em cortes) anunciados hoje (nesta sexta) são apenas parte da conta que o brasileiro vai pagar por causa da gastança desenfreada ocorrida nos últimos anos com o objetivo de vencer as eleições e manter o PT no poder”, concluiu.
Apesar das críticas, durante a campanha eleitoral, Aécio defendeu que era preciso arrumar as contas do governo e cortar gastos para que o país saísse da crise.
O presidente nacional do DEM, senador José Agripino Maia (RN), também criticou o contingenciamento federal. “O anúncio dos cortes é o retrato em números da situação imposta à economia por um governo obstinado por uma reeleição”. Em nota, Agripino observou a ausência do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, no anúncio da tarde desta sexta. “Uma preocupação que se acrescenta: por trás da ausência do ministro Levy no anúncio dos cortes deve estar a disputa PT versus PT”, comentou.
Ronaldo Caiado (GO), líder do DEM no Senado, disse que o governo “não mede as consequências para, cada vez mais, desafiar e afrontar a população”.
Esperado. Para integrantes da base governista, o tamanho do corte orçamentário não surpreendeu. “O corte foi dentro do esperado, dentro do script”, afirmou o senador Romero Jucá (PMDB-RR), relator geral do Orçamento deste ano.
Jorge Viana (PT-AC), relator da área de saúde do Orçamento de 2015 no Senado, ressalta que o corte é necessário neste primeiro ano do segundo mandato. “Contingenciamento não é eliminação geral de gastos nem corte absoluto de programas. É um sinal de que o governo vai ser muito rígido, sinal concreto de que vai assumir a postura de fazer sacrifícios”.