Brasília. A Polícia Federal (PF) indiciou o ex-diretor Internacional da Petrobras Jorge Zelada por suposto envolvimento no esquema de desvios da estatal. Ele é suspeito de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
O relatório com as conclusões do inquérito será agora analisado pelo Ministério Público Federal (MPF), que decidirá se o denuncia à Justiça ou se cabe o aprofundamento das apurações.
Zelada foi preso pela PF na 15ª fase da operação Lava Jato, no início de julho. A Procuradoria da República no Paraná sustenta que ele teria transferido 7,5 milhões que mantinha na Suíça para uma conta no principado europeu. Os recursos, supostamente provenientes de corrupção, não teriam sido declarados por ele ao Fisco.
O relatório de indiciamento se baseia na informação de que Zelada teria recebido propinas provenientes do aluguel de navios sonda para a Petrobras, entre eles o Titanium Explorer (Vantage), em 2009. Essas contratações, segundo auditoria da estatal, foram superfaturadas e deram prejuízo milionário.
Detalhes do esquema foram dados pelo lobista Hamylton Padilha, que representava as empresas desse segmento junto à companhia petrolífera.
O advogado de Zelada, Renato de Moraes, afirmou que o indiciamento é precipitado, uma vez que uma série de documentos e informações acaba de ser anexada ao inquérito. “A precipitação tem a ver com o método usado em Curitiba: prender para investigar. Então, você tem de correr com a investigação”, criticou.
O advogado minimizou a decisão da PF. “O indiciamento não quer dizer nada. É aquilo que o delegado acha. Já vi vários indiciados não serem denunciados e vários que não foram indiciados ser denunciados”, declarou. Zelada ficou em silêncio no depoimento. A defesa alega não ter tido acesso integral às acusações. O ex-diretor nega a titularidade da conta em Mônaco e, segundo seus defensores, dará explicações detalhadas a respeito oportunamente.
Diretor da Petrobras entre 2008 e 2012, ele sucedeu o então diretor da estatal, Nestor Cerveró, que também está preso na Lava-Jato por suspeita de corrupção. O MPF tem cinco dias para apresentar ou não a denúncia contra o ex-diretor.
Em despacho do último dia 22, o juiz Sérgio Moro lembrou que, até aquele momento, Zelada não havia apresentado “qualquer explicação sobre as contas secretas no exterior e a origem dos mais de 10 milhões sequestrados (pela Justiça)”.
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