Brasília. A Procuradoria Geral da República (PGR) deve apresentar neste domingo ao Supremo Tribunal Federal (STF) a denúncia contra o senador Delcídio do Amaral (PT-SP), o banqueiro André Esteves, dono do BTG Pactual, e demais acusados de obstruir as investigações da operação Lava-Jato. Eles deverão ser denunciados pelo crime de embaraço a investigação sobre organização criminosa, e, pelo menos um deles, o advogado Edson Ribeiro, por patrocínio infiel.
Os procuradores estão inclinados a fazer a denúncia antes que vença o prazo da prisão temporária de Esteves – neste domingo à noite. Os procuradores devem também pedir a prorrogação da prisão do banqueiro.
André Esteves recebeu a visita da mulher neste sábado na cadeia pública Pedrolino de Oliveira, na zona oeste do Rio. A cela, na qual está sozinho, tem cerca de seis metros quadrados, uma televisão, um lavatório e um sanitário – um buraco ligado à rede de esgoto.
Senador. Parentes e amigos de Delcídio aconselharam o senador a negociar delação premiada. Eles avaliam que esse seria o melhor caminho para tirar o petista da prisão ainda neste ano, a tempo de passar o Natal com a família.
Em conversas reservadas nos últimos dois dias, o entorno mais próximo do senador considerou pequenas as chances de Delcídio conseguir um habeas corpus na Justiça após a divulgação da gravação feita por Bernardo Cerveró, em que o senador relata suposta pressão a ministros do STF por um habeas corpus para o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, pai de Bernardo.
Azevedo vai delatar senadores
Brasília. O presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, vai apontar desvios que envolvem a empresa em contratos da Petrobras e o pagamento de propina a pelo menos dois senadores.
Em acordo de delação premiada com a força-tarefa da operação Lava Jato, o executivo vai citar os nomes de “autoridades com foro privilegiado” que teriam recebido valores ilícitos porque, de alguma forma, abriram caminho para a empreiteira fechar contratos com a Petrobras.
Advogado de Ribeiro deixa caso
Citado. O advogado Bruno Espiñeira deixou neste sábado a defesa de Edson Ribeiro, preso na Lava Jato por suspeita de tentar manipular a delação de Nestor Cerveró para favorecer o senador Delcídio do Amaral (PT-MS). Em carta de renúncia entregue ao cliente, Bruno Espiñeira explica o motivo: ele próprio teve o nome citado em gravação de uma conversa com Delcídio, o chefe de gabinete dele, Diogo Ferreira, e Ribeiro.
Dilma nega ter indicado Cerveró
Brasília. A presidente Dilma Rousseff reagiu às declarações do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) que, em depoimento à Polícia Federal (PF) e ao Ministério Público Federal (MPF), disse que o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró foi nomeado para a Área Internacional da estatal por indicação dela, quando Dilma ocupava o cargo de ministra de Minas e Energia do governo Lula.
Segundo a Secretaria de Comunicação Social, “a presidenta Dilma Rousseff nunca consultou o senador Delcídio do Amaral ou qualquer outra pessoa acerca da nomeação de Nestor Cerveró para a diretoria da Petrobras” e, “no período em que exerceu a função de ministra de Minas Energia, nunca sequer foi consultada ou mesmo participou, em qualquer medida, dessa indicação”. O Planalto informa ainda que “a presidenta não manteve relações pessoais com Nestor Cerveró”.
Delação de Baiano estava no gabinete
Brasília. A Polícia Federal (PF) apreendeu no gabinete do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) uma cópia da delação premiada do lobista Fernando Baiano, documento ainda sob sigilo e cujo repasse é fruto de um “canal de vazamento”, segundo o procurador geral da República, Rodrigo Janot.
A informação foi confirmada pelo advogado Délio Lins e Silva, que defende o chefe de gabinete de Delcídio, Diogo Ferreira Rodrigues. As buscas e apreensões – inclusive na casa e no gabinete do senador – foram pedidas pela PGR, autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e cumpridas pela PF na última quarta-feira, 25.
Delcídio foi preso preventivamente, e Diogo, temporariamente – o prazo de cinco dias termina neste domingo. A PF também prendeu o banqueiro André Esteves, dono do Banco BTG Pactual, e o advogado Edson Ribeiro, que defendia o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. A suspeita é de que o grupo atuou para prejudicar a Lava Jato.