O anúncio da escolha do deputado estadual João Leite em convenção do PSDB na tarde desta quinta-feira (28) foi marcado por indiretas e alfinetadas do senador Aécio Neves e demais tucanos ao prefeito Marcio Lacerda (PSB) e seu candidato a sucessão à Prefeitura de Belo Horizonte, Paulo Brant (PSB). Falando em “lealdade”, Aécio Neves deixou claro que as escolhas feitas nessas eleições municipais terão reflexos em 2018, e que a decisão de romper a aliança PSDB e PSB não partiu dos tucanos.
O encontro do PSDB aconteceu no mesmo local e data que as convenções dos aliados PP e DEM, e com a presença de lideranças do PPS e PTB, que também irão confirmar a adesão na chapa majoritária. A mesa composta pelo grupo deixou claro a intenção de isolar Lacerda e Paulo Brant.
“Estamos onde sempre estivemos. Apoiamos por duas vezes consecutivas o atual prefeito da cidade, que optou por outro caminho, que respeitamos”, disse Aécio Neves em entrevista, quando evitou falar o nome de Lacerda. Ele ainda usou palavras como “livre arbítrio” para falar da antiga aliança e disse que política “não é uma ação solitária”.
Em seu discurso, no plenário na Assembleia Legislativa de Minas, foi mais enfático. “Não há nada mais relevante do que a lealdade aos companheiros, as ideias e aos caminhos escolhidos”. O senador Antonio Anastasia foi na mesma linha. “João Leite tem lealdade, palavras de carinho e mãos generosas que vão abraçar cada cidadão”.
Aécio ainda observou que as alianças deste ano terão repercussão em 2018, quando Lacerda pretende ser candidato ao Senado, e o próprio presidente nacional do PSDB deve tentar chegar à Presidência da República. “Conversamos muito (com Lacerda). Estou feliz em dizer que estou do lado dos mesmos companheiros com os quais iniciamos a nossa caminhada. Acredito que irá ter desdobramento com esse grupo para um projeto para 2018”, garantiu o tucano.
O senador Aécio também “provocou” o nome de Paulo Brant. “O João tem uma conexão natural com a cidade, não se perderá em nenhum canto de Belo Horizonte durante a campanha”, questionado se isso era uma crítica a Brant, negou.
O pré-candidato João Leite disse que está entusiasmado. “Tenho alegria de ser candidato desse projeto, que é histórico. Vou entusiasmado para às ruas, subir os nossos morros, conversar com as pessoas e levar esse sonho que nosso campo político tem para a cidade”.
O presidente estadual do PP, Alberto Pinto Coelho, não quis polemizar sobre o rompimento com o PSB. “Caberá ao prefeito trabalhar em prol do seu candidato. É difícil fazer juízo de valor, cada um faz a sua análise e escolhe o seu caminho. Certamente teremos oportunidade de fazer outros encontros”.
O presidente municipal do DEM, Eduardo Benis, que é secretário de Desenvolvimento na gestão de Lacerda, evitou cravar o apoio ao PSDB. “O nosso propósito foi manter essa aliança. Se não for possível caminhar no primeiro turno, temos que manter as pontes do diálogo para que no segundo possamos caminhar juntos”.
Campanha franciscana
Sobre o fim do financiamento empresarial de campanha, o senador Aécio Neves afirmou que será uma campanha "franciscana" em referência aos cortes de gastos que os candidatos terão que fazer.
"Vai ser uma grande novidade em todo o Brasil. É preciso que todos os candidatos saibam que essa eleição será diferente de todas as outras. Serão campanhas franciscanas, onde o conteúdo dos candidatos será um peso mais relevante do que outros fatores que eram importantes em outras campanhas. O fundo partidário será um apoio aos candidatos. Mas não será, acredito eu, suficiente para viabilizar as campanhas. Por isso, nós apostamos no conteúdo e no conhecimento profundo da realidade da cidade e da sua conexão com a vida real. Os candidatos que de alguma forma têm uma relação mais artificial com o dia a dia da cidade, terão maiores dificuldades na campanha", afirmou o senador Aécio Neves.