Mais novo preso da Operação Lava Jato, o líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral (PT-MS), avaliou a situação de integrantes da cúpula do PMDB no esquema de corrupção da Petrobras, chegando a citar o vice-presidente, Michel Temer durante reunião com Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, e Edson Ribeiro, que atuava na defesa.
Segundo Delcídio, "Michel está muito preocupado com o Zelada". Ex-diretor da Área Internacional da estatal, Zelada é acusado de receber propina e teria chegado ao cargo com apoio do PMDB de Minas, segundo delatores.
De acordo com investigadores, houve o pagamento de propina de US$ 31 milhões na contratação de um navio-sonda pela Petrobras em 2008, sendo que parte foi paga a Zelada e ao ex-gerente da Petrobras Eduardo Musa e outra parcela foi destinada ao PMDB.
Delcídio foi preso nesta quarta (25) por autorização do Supremo Tribunal Federal e a pedido da Procuradoria-Geral da República. Ele é acusado de atrapalhar as investigações e participar de organização criminosa.
Delcídio é acusado de negociar repasse de R$ 50 mil mensais para a família de Cerveró para que evitar que ele fechasse acordo de delação premiada e não citasse o congressista.
Na conversa, gravada por Bernardo Cerveró e entregue aos procuradores, Delcídio diz que poderia acionar Michel Temer para tentar conversar com o ministro do STF Gilmar Mendes para tentar discutir a liberdade do ex-diretor.
O diálogo aponta ainda o petista sugeriu que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), procurasse Gilmar.
Edson Ribeiro, que não foi preso porque está nos Estados Unidos, ressalta que considera "preocupante a situação de Renan", que também é investigado na Lava Jato. Delcídio diz que acha que tem mais coisa sobre o presidente do Senado, que teria sido citado pelo lobista Fernando Soares, o Baiano. O petista ainda indica que Baiano teria falado do senador Jader Barbalho (PMDB-PA).
Delcídio diz ainda que vai procurar Renan para tratar com Gilmar, lembrando que no dia tinha reunião de líderes.
Logo após a deflagração da Operação Lava Jato, Delcídio e Renan Calheiros chegaram trocar acusações relacionadas à indicação de Nestor Cerveró para a diretoria internacional da Petrobras. Quando ocupou o cargo, Cerveró foi responsável pelo resumo executivo que embasou a decisão da compra da refinaria de Pasadena (EUA) pela estatal, em 2006. Depois de Delcídio ter atribuído ao PMDB a indicação do ex-diretor, o presidente do Senado responsabilizou o petista pela escolha de Cerveró.