A expectativa das campanhas de conquistar o eleitor a partir das propostas apresentadas no horário eleitoral gratuito na televisão pode não se confirmar. Lançada no último dia 19, em duas versões diárias, no início da tarde e à noite, a campanha na TV não tem atraído os mineiros, pelo menos nesses primeiros dias.
Ao abordar várias pessoas na praça Sete, na capital, na última semana, a reportagem de O TEMPO confirmou o que os índices de medição de audiência do Ibope têm demonstrado. Com o programa eleitoral no ar, muita gente tem recorrido ao controle remoto. Na TV aberta a transmissão é obrigatória. Na última terça-feira, primeiro dia dos programas, a audiência da Rede Globo caiu seis pontos, e a da Record e o SBT, dois pontos cada.
Entre as 12 pessoas abordadas no centro da capital, apenas quatro disseram que haviam assistido à propaganda eleitoral. Desses, nove afirmaram que não confiam no que os candidatos dizem na TV. O TEMPO selecionou os entrevistados a partir do perfil do eleitorado mineiro definido com os dados da Justiça Eleitoral. A maioria dos ouvidos afirmou que pretende ver os programas para conhecer as propostas e definir o voto.
Para a professora do curso de gestão de campanhas políticas na internet da Fundação Getúlio Vargas Luciana Salgado, mesmo com a constatação da queda na audiência, a televisão ainda tem uma influência importante sobre o voto dos eleitores e chega, inclusive, a ter reflexos em outras mídias. “Antes de começar o horário político na TV, as pessoas na internet estavam com um comportamento mais tímido sobre o assunto. Nessa última semana, mais pessoas começaram a falar sobre os candidatos”, avalia a pesquisadora, que trabalha comparando diversos os meios de comunicação na política.
Para a especialista, a tendência é que a internet acabe minando a importância da TV nas campanhas políticas ao longo dos anos. “Hoje a televisão é, sim, a base de muitas campanhas. Mas, se você me perguntar isso daqui a dois anos, o cenário será diferente. A TV vai diminuir de importância”. Já o cientista político e professor da PUC Minas Moisés Augusto Gonçalves acredita que a telinha perdeu seu reinado. “A TV foi decisiva na campanha, mas hoje não é mais. O eleitorado está mais crítico e se informa por outros meios”.
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