Quem cresceu na Lagoinha e viu os casarões passarem de geração a geração acredita que a preservação pode ajudar a eternizar memórias de um tempo que não volta mais.
“Eu gostava de escorregar em uma tábua de madeira e às vezes ia roubar manga numa fazenda onde hoje é a Antônio Carlos”, recorda o aposentado Hélio de Paoli, 88. Morador da rua Bonfim, ele se orgulha de ter criado os oito filhos na mesma casa em que o avô e o pai, italianos, viveram. “A meninada toda brincava junto na rua”, emenda a esposa, Efigênia, 83, lembrando-se da linha de bonde que passava na porta de casa. “Mas aqui mudou muito. Antes tinha os bares, restaurantes, cinema. Era muito movimentado”.
Segundo o pesquisador Alessandro Borsagli, o grande problema foi a Lagoinha estar encravada na saída para o vetor Norte da capital. “A partir da década de 60, com a preocupação da extensão da malha viária e com as políticas urbanas priorizando o automóvel, o poder público começou a acabar com a Lagoinha, a partir da construção dos viadutos e da demolição do coração do bairro, a praça Vaz de Mello”.