NO BAIRRO FLORESTA

Com investimento de R$ 5,1 milhões, obras de revitalização da rua Sapucaí devem começar em junho

O projeto será executado pela Conata Engenharia, e a expectativa é de que possa ser concluído em até 300 dias - cerca de dez meses

Por Bruno Daniel e Rayllan Oliveira
Publicado em 06 de maio de 2024 | 14:40
 
 
 
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As obras de revitalização da rua Sapucaí, tradicional ponto turístico e gastronômico no bairro Floresta, na região Leste de Belo Horizonte, devem começar em junho deste ano. As intervenções devem custar R$ 5,1 milhões, sendo pagas com recursos orçamentários da Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura  (SMOBI), provenientes dos Recursos Ordinários do Tesouro (ROT). O projeto será executado pela Conata Engenharia, e a expectativa é de que possa ser concluído em até 300 dias - cerca de dez meses. Nesta semana, a via foi fechada para que a prefeitura possa avaliar os impactos que as mudanças deverão provocar no trânsito da região. 

"É um projeto que prevê o redesenho da rua, principalmente nos três primeiros quarteirões , entre as avenidas Assis Chateaubriand e Francisco Sales. Serão criadas áreas de permanência, com arborização, paisagismo, quiosque com banheiro. Ambientes destinados ao uso prioritário de pedestres", explica a diretora de urbanismo e espaço público da Secretaria Municipal de Política Urbana de Belo Horizonte, Laila Faria.

As intervenções fazem parte do programa Centro de Todo Mundo, lançado em 2023. A iniciativa busca promover a requalificação da região central, criando mais espaços de lazer, moradia e trabalho. Na rua Sapucaí está prevista a pavimentação de um plano único entre os dois passeios, a instalação de ladrilho hidráulico e pedra portuguesa, além da criação de uma ciclovia bidirecional e de uma passagem de pedestres. As mudanças serão feitas em toda a via, que possui 600 metros de comprimento por 16 de largura.

"O lazer é primordial, a cidade precisa de espaços assim. Por isso sou a favor de humanizar a área, mas com medidas de segurança para não ter vandalismo", afirma o técnico em manutenção Davi Policarpo, que trabalha na região há 25 anos. O aposentado Mário Nelson Lisboa, de 68, que há 13 reside na região com a família, também vê pontos positivos na mudança. No entanto, teme por complicações no trânsito e o aumento da violência. "É um projeto bonito, mas que não parece prático. Imagina a quantidade de pessoas, e o barulho?", questiona.

Em dezembro de 2022, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) iniciou um projeto de consulta pública para avaliar as intervenções na rua Sapucaí, sugeridas pela Subsecretaria de Planejamento Urbano (Suplan).  Foram realizadas três reuniões, sendo uma com comerciantes, outras com referências acadêmicas e movimentos sociais organizados e, por fim, com moradores da região. Em seguida, um formulário virtual foi disponibilizado para a avaliação do projeto.

O estudo revelou que 81,15% dos participantes disseram gostar muito da proposta de transformar um trecho da rua Sapucaí em uma via para pedestres e bicicletas. O levantamento também mostrou que 61,58% dos entrevistaram disseram ser totalmente favoráveis a criação de espaços de descanso e permanência, com implantação de mobiliário urbano. A avaliação também foi positiva para o plantio de mais árvores e para obras de melhorias na iluminação e no paisagismo.

"Tivemos uma grande adesão ao projeto. Alguns moradores se colocaram contrários com medo do ruído, as questões do trânsito e de segurança", aponta Laila Faria. Segundo a diretora de urbanismo e espaço público da PBH, foram desenvolvidos estudos a fim de amenizar os impactos. "A questão do trânsito está sendo testada nesta semana. Mas a rua tem uma vocação gastronômica expressiva, com vários bares e restaurantes, além, é claro, da circulação de pessoas. O projeto não vem para acabar com os ruídos, por exemplo, mas paras organizar melhor as atividades", garante.

A prefeitura prevê uma maior fiscalização no trecho, a fim de que sejam cumpridas as determinações da lei do silêncio. Na capital, a legislação determina que sons não ultrapassem 70 decibéis (dB) em período diurno (7h01 às 19h), 60dB em período vespertino (das 19h01 às 22h) e 50dB em período noturno (das 22h01 às 23h59). Durante a madrugada (0h e 7h), 45dB. Às sextas, sábados e vésperas de feriado são admitidos 60dB até as 23h.

Primeiras impressões

O trecho entre as avenidas Assis Chateaubriand e Francisco Sales, na rua Sapucaí, ficará fechado nesta semana. A interdição será até o próximo domingo (13 de maio). O bloqueio serve como teste para a implantação das obras, e foi acordado em reunião com a comunidade e a prefeitura.

Com a interdição, as linhas 8103, 8205, 8405, 9103, 9104, 9210, SC01A, SC03A tiveram o itinerário alterado. O acesso ao trecho ficou restrito aos moradores. "Hoje (segunda-feira), pela manhã, foi um Deus nos acuda. O fluxo de veículos na avenida Francisco Sales foi muito grande. E essa já é uma região muito movimentada pela manhã", avalia o aposentado Mário Nelson Lisboa.

Uma impressão negativa, compartilhada pelo advogado Marcelo Barros, de 34, que é usuário da linha de ônibus 9104 (Sagrada Família/Luxemburgo), que passa pela rua. "O ponto era próximo do trabalho, cerca de 20 metros. Agora tenho que andar quatro quarteirões. No horário da noite, a região fica mais deserta, e isso aumenta a insegurança", aponta. 

De acordo com a Prefeitura de Belo Horizonte, após a realização do teste e a avaliação do mesmo, os resultados serão apresentados à comunidade. 

Avaliações da rua Sapucaí

  • Pontos positivos

O mirante com vista para a cidade - 80,06%
Os bares e restaurantes - 70,63%
Ambiente festivo da rua - 66,11%
A importância da rua como patrimônio - 66,04%
Os eventos que acontecem na rua - 50,61%
A proximidade com a região central - 42,13%
O acesso à estação de metrô - 32,44%
A possibilidade de estacionar meu carro - 8,39%
Outros - 0,87%

  • Principais problemas

Insegurança - 62,44%
Grande quantidade de carros estacionados na via - 56,8%
Falta de espaços para sentar - 50,05%
Trânsito de ônibus - 51,89%
Alta velocidade de carros - 47,77%
Calçadas estreitas - 42%
Iluminação insuficiente - 38,95%
Falta de espaços de circulação e convivência - 38,05%
Falta de sombra - 37,02%
Tumulto das pessoas - 24,69%
Bares e restaurantes - 3,38%
Outros - 0,64%

Fonte: Consulta Pública da Prefeitura de Belo Horizonte

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