FAMOSINHAS

Festas com ex-BBB's, viagens, cursos e rifas: conheça rotina de empresárias presas por tortura

Advogado de uma delas se defende de acusações de tráfico e lavagem de dinheiro que circulam nas redes; juntas, as mulheres somam quase 500 mil seguidores

Por José Vítor Camilo
Publicado em 08 de maio de 2024 | 17:24
 
 
 
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Para os moradores de um luxuoso condomínio de Vespasiano, na região metropolitana de Belo Horizonte, já eram velhas conhecidas as duas empresárias presas na última segunda-feira (6 de maio) suspeitas de sequestro e tortura contra uma corretora de imóveis. O TEMPO conversou nesta quarta-feira (8) com uma vizinha das mulheres, que deu detalhes sobre a rotina das duas, passando pela venda de rifas até festas grandiosas, com a presença, inclusive, de ex-BBB's. 

"As duas moram no mesmo condomínio que eu. Uma delas, que é dona de vários bares, sempre dá festas muito luxuosas, até com ex-BBB's. Estes eventos sempre dão problemas no condomínio, por isso, quem mora aqui, acha que estava demorando para aparecer alguma coisa contra ela", disse a moradora do local. 

A vizinha das empresárias destaca ainda que a mulher que diz ser do ramo de "entretenimento" também atuava em algumas atividades que seriam ilícitas. "Ela divulga rifas ilícitas, de carro, PIX, entre outras coisas. Divulga um tanto de golpes. Então, se a polícia investigar a fundo, a chance de achar mais coisa ilegal existe. A irmã e o marido dela, inclusive, também estão entre os presos", pondera a vizinha das mulheres. 

Nas redes sociais de ambas, uma coisa em comum são as fotos e vídeos em viagens a destinos luxuosos, que vão desde as Maldivas, passando por estações de esqui nos Andes e, até mesmo, passeios pela distante Dubai. "As duas empresárias, inclusive, estão sempre oferecendo cursos, ministrados por ambas, sobre empreendedorismo, gestão e finanças. Mas duvido que no curso elas expliquem como ficaram tão ricas", detalhou a mulher.

Na última terça-feira, as duas empresárias e os outros seis presos na operação da Polícia Civil passariam por audiência de custódia. O TEMPO tentou confirmar se as mulheres seguiram presas, mas, até o fim da tarde desta quarta, a Justiça ainda não tinha se posicionado sobre as audiências.

Acusações de tráfico e lavagem de dinheiro circulam em Vespasiano

Nesta quarta, os advogados da empresária que é proprietária de diversos bares divulgaram uma nota sobre a prisão. No texto, eles defenderam a mulher de acusações graves que estariam circulando entre os moradores de Vespasiano, envolvendo-a em crimes como tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Eles também informaram que já protocolaram pedido de revogação da prisão da mulher.

"Outrossim, urge salientar que, têm sido veiculadas diversas informações inverídicas sobre o envolvimento de Cláudia com delitos de organização criminosa, lavagem de dinheiro e até mesmo tráfico de drogas, razão pela qual as negamos sumariamente. Neste aspecto, imperioso reforçar que, nenhum dos delitos supracitados é objeto de apuração pela Polícia Civil do Estado de Minas Gerais", diz o texto divulgado pelos advogados.

Em seguida, a nota afirma que a mulher conquistou "tudo o que possui" por meio de seu esforço, pautado em "trabalho honesto, lícito e confiável". 

No texto, os defensores da empresária chegam a denunciar que ainda não tiveram acesso integral aos "elementos de informação produzidos pela Polícia Civil do Estado de Minas Gerais nos autos da investigação que culminou na prisão temporária". 

As empresárias

Com 100 mil seguidores em sua rede pessoal e outros 230 mil nas páginas de suas empresas, a primeira das mulheres se apresenta como "empresária do entretenimento". Ela também diz ser a proprietária de seis bares, um deles bem famoso e com unidades nos bairros Santa Amélia, Pampulha, Sion, além da cidade de Lagoa Santa, também na Grande BH.

Já a outra empresária presa se apresenta no Instagram como "especialista em realização de sonhos", se declarando proprietária de quatro empresas, todas no setor imobiliário e com sede em Vespasiano. Ao todo, a mulher e as empresas totalizam mais de 110 mil seguidores, o que eleva para quase meio milhão o alcance das duas empresárias, que, inclusive, aparecem juntas em diversas publicações nas redes. 

Para além das fotos em viagens luxuosas, que passam por praias de água cristalina nas Maldivas, estações de esqui na Cordilheira dos Andes e, até mesmo, Dubai, as duas também têm em comum diversas postagens sobre o sucesso empresarial e o empreendedorismo delas. 

De acordo com a Polícia Civil, a tortura que levou à prisão de cinco mulheres e três homens aconteceu em abril deste ano, tendo como motivação questões financeiras. A origem do dinheiro que levou ao crime ainda é investigada pela instituição. 

Vítima foi alvo de emboscada 

Ainda segundo a Polícia Civil, o inquérito foi instaurado após a mulher agredida procurar uma delegacia. Ela contou que trabalha como corretora e que, um dia, foi atraída até uma casa onde, supostamente, atuaria em uma venda. 

“Eles a atraíram até a casa de um dos suspeitos presos, alegando que tinha um outro imóvel para vender. Quando ela chegou lá, teve sua liberdade restrita e começaram as agressões”, conta o chefe do Departamento Estadual de Operações Especiais (Deoesp), delegado-geral Rodrigo Bustamante.

A sessão de tortura teria se arrastado por mais de seis horas. Além das prisões, os policiais também cumpriram oito mandados de busca e apreensão, que recolheu diversos materiais que auxiliarão na investigação. 

Ainda conforme a Polícia Civil, dentre os oito presos, alguns possuem passagem pela polícia. Um deles possui ligação com o tráfico de drogas em uma comunidade de Belo Horizonte.

Por outro lado, os suspeitos alegam que foram vítimas de golpes financeiros, cometidos pela mulher que foi agredida. Eles afirmam que ela cobrava caução antes de assinar os contratos, mas não devolvia os valores. 

A Polícia Civil segue investigando o caso. 

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