Uma ultrapassagem proibida na BR-381, em Sabará, na região metropolitana de Belo Horizonte, terminou em tragédia com a morte de João Nunes, de 62 anos, e Maria Hilma Vieira Nunes, de 60, na manhã de ontem. A colisão entre uma carreta e o carro de passeio aconteceu na altura do KM 455.
"Saí de Timóteo com uma carga de rejeito de carvão que precisava entregar em Belo Horizonte. Nesse ponto da rodovia vi o Gol, que estava no sentido Vitória, fazendo uma ultrapassagem proibida e vindo em minha direção. Não teve como fazer nada", contou o motorista do veículo maior, de 35 anos, que pediu para não ter o nome divulgado.
Com o impacto da batida, uma das rodas dianteira do veículo maior se soltou, o condutor perdeu o controle da direção e foi parar no acostamento da rodovia. Ele não se feriu.
"Quando nós chegamos aqui verificamos que as vítimas do carro de passeio já estavam em óbito", disse o aspirante do 3º Batalhão do Corpo de Bombeiros, Pedro Tavares.
Trabalhando há 13 anos como caminhoneiro, o homem afirmou que constantemente passa pela BR-381 e sempre têm acidentes.
"Nunca me envolvi em uma batida desse jeito. Graças a Deus não tive nenhum ferimento. Se não duplicarem isso aqui (a rodovia) a tendência é ter cada vez mais colisões", disse o homem.
A reclamação do motorista vai de encontro também com os pedidos de pedestres que precisam atravessar a via, no mesmo trecho do acidente, todos os dias. Há 43 anos, a professora Maria da Glória Marques, de 63, leciona em uma escola às margens da BR-381.
"É muito perigoso. Nós professores atravessamos a BR para ir e voltar e não tem uma passarela. Não tem nada. Por sorte, os alunos não atravessam porque são disponibilizados transportes escolares. Já solicitamos ajuda com a instalação de passarela ou redutores de velocidade, mas nos falaram que passarela não pode porque o terreno do outro lado é propriedade particular", explicou a educadora.
Há um ano Cláudio Pacífico da Silva, de 23 anos, montou uma borracharia ao lado da escola que Maria da Glória leciona. Ele também reclama da dificuldade dos pedestres em atravessar a via. "Já era para ter colocado passarela aqui há muito tempo. Muita gente passa nessa área e o risco de atropelamento é grande. Mas ninguém da prefeitura faz nada para ajudar", desabafou.
Imprudência de pedestres e motoristas também estão em alta
Além dos reivindicações de passarelas e duplicação da rodovia, quem passa pela na região no dia-a-dia afirma que, por outro lado, também há imprudência de motoristas e pedestres. "A maioria de acidentes que eu vi foi devido à imprudência, principalmente de caminhoneiros e motociclistas. Falta conscientização das pessoas", disse a professora.
O borracheiro afirmou que a pressa dos condutores é um dos problemas que causam as colisões. "Muitas vezes, o motorista prefere fazer um balão do que percorrer alguns metros até o retorno. Alguns condutores, que têm veículos mais potentes, querem ultrapassar três, quatro carretas em uma pista contínua. Os pedestres também não ajudam. Se o trânsito está lento, eles querem passar correndo", contou o homem.
Período de férias requer mais atenção
No mês em que muitas pessoas tiraram férias, geralmente, aumenta o número de carros nas rodovias. O excesso de veículos requer mais atenção nas estradas. "A imprudência pode fazer com que os motoristas percam a vida ou provoquem a morte de outras pessoas. A gente sempre bate na tecla de não ingerir bebidas alcoólicas, estar em boas condições, atentos e dirigir na velocidade compatível com a via", explicou o aspirante Pedro Tavares.
Trânsito
Por causa da batida, o trânsito ficou lento durante toda a manhã de ontem na BR-381. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o congestionamento chegou ao Anel Rodoviário, na altura do bairro Goiânia, região Nordeste de Belo Horizonte.
Até 12h desta quarta os motoristas ainda enfrentavam trânsito lento na saída para Vitória.