Uma jovem de 16 anos, moradora do bairro Santa Luzia, em Contagem, na região metropolitana da cidade pode ter sido a segunda vítima de dengue do município. Doente nos últimos sete dias com o vírus, Karine Ketlyn Barbosa Malta morreu no último sábado, no Hospital Vitallis, na região do Barreiro, em Belo Horizonte. Familiares, amigos e moradores da região protestam neste momento na rua do Registro, próximo ao número 1200, no Santa Luzia e interditam o local com pneus queimados.
De acordo com o tio da jovem, Carlos Alberto Alves Barbosa, de 50 anos, a menina começou a sentir mal no sábado, dia 12 de março. Desde então, ela recebeu atendimento médico no Hospital Santa Helena, no bairro Eldorado, em Contagem, quando foi diagnosticada a doença. Na última sexta-feira, Karine piorou e precisou ser internada. Como o hospital não possui um Centro de Terapia Intensiva (CTI), ela foi transferida para o Hospital Vitallis, no Barreiro, em BH.
"Ela piorou muito e precisou internar. No Hospital Santa Helena falaram pra família procurar outro hospital porque lá não tem CTI e ela precisava de internação com urgência. Conseguimos um leito pra ela no Vitallis. Fomos visitá-la no sábado a tarde e ela já estava entubada. Por volta das 21h ela morreu. O atestado de óbito constatou dengue hemorrágica. Estamos transtornados", disse o tio.
A adolescente foi enterrada nesse domingo, às 17h, no cemitério Bom Jesus, no Centro de Contagem. Indignados com a morte da menina, a família convocou o protesto para a tarde desta segunda-feira. Os manifestantes querem chamar a atenção da prefeitura de Contagem para os casos de dengue na cidade. Segundo eles, pelo menos 100 pessoas participam do ato no momento. A Polícia Militar não confirma o número e ainda não tem informações oficiais sobre o manifesto.
"Queremos que a prefeitura faça a sua parte. Melhore o controle desse mosquito que tirou a vida da minha sobrinha. Outras pessoas podem morrer também pela doença, a situação é muito grave. A família está em choque, a mãe dela não para de chorar", disse Carlos Alberto Barbosa.
Questionada, a prefeitura de Contagem informou por meio de nota que não foi notificada oficialmente sobre o caso. O Executivo esclareceu ainda que "para confirmar óbitos por dengue, zika ou febre chikungunya é necessário aguardar o resultado dos exames encaminhados à Fundação Ezequiel Dias, conforme fluxo estabelecido pela Secretaria Estadual de Saúde".
Sobre o combate ao Aedes na cidade, a prefeitura esclareceu que intensificou as ações contra o mosquito, como a criação em fevereiro do Comitê Gestor “Todos Contra o Mosquito, que define ações planejadas estrategicamente entre as diversas secretarias da população. Além disso, o município informou que lançou o Plano Emergencial Todos Contra o Mosquito, instituindo o Programa Brigada da Limpeza e que articula ações entre as diversas secretarias, a sociedade civil organizada e a população para o combate ao vetor. O plano conta com o envolvimento de 1.400 profissionais e com 15 secretarias da administração direta.
A reportagem também procurou os hospitais Santa Helena e Vitallis, onde a jovem recebeu atendimento, mas nenhum atendeu às ligações. Como a adolescente morreu no hospital em Belo Horizonte, a Secretaria Municipal de Saúde da cidade é notificada. Procurado, o órgão informou que ainda não foi notificado oficialmente sobre o óbito.
Relembre
Esta pode ser a segunda morte por dengue na cidade. No início de março, o empresário Wesley Gomes Martins, de 31 anos, morreu na UPA Centro-Sul, na capital, ao apresentar quadro de dengue hemorrágica. O caso chamou a atenção nas redes sociais, após vídeos do homem deitado num colchonete na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) JK, em Contagem, circularem pela web. Familiares e amigos fizeram um protesto após a morte do rapaz.
Outro caso que está em investigação é de uma grávida que pode ter morrido em decorrência da contaminação por chikungunya, doença também transmitida pelo mosquito Aedes aegypti.