"Como ele é usuário de drogas, o pai dele pagou a gente para que déssemos um susto no filho. O homem achou que ele iria melhorar depois disso". Essa história foi contada a Polícia Civil por um dos agressores de um garoto, de 10 anos, que manteve a vítima em cárcere privado enquanto era torturada. O crime ocorreu nessa sexta-feira (6) em Uberlândia, no Triângulo Mineiro.
Após denúncia anônima, a Polícia Militar chegou até um barracão localizado no assentamento Boa Vista, no bairro Morada Nova. A criança foi encontrada com o cabelo raspado e em seu rosto estava escrito a palavra "pilantra". A polícia identificou que o menor de 10 anos ficou sob o poder de seus agressores por mais de três horas.
No imóvel, a polícia conseguiu apreende dois adolescentes, de 14 e 15 anos. Eles confessaram o crime. "Os menores disseram ter usado tesouras para enviar embaixo das unhas da vítima. Ele também foi atingido por golpes de cintos e chutes. Além disso, os suspeitos também contaram ter raspado a cabeça da criança e as sobrancelhas da vítima com um barbeador", explicou a delegada de plantão Paula Andressa Freitas Mariano.
Pais detidos
A mãe e o padrasto de um dos menores infratores também foram presos por corrupção de menores, lesão corporal e cárcere privado.
"Um dos menores contou que a mãe do outro agressor e o padrasto viram toda tortura. Durante o crime, ela teria pedido para que ele saísse para comprar cigarro pra ela. Ratifiquei a prisão deles porque eles viram o filho torturar a criança e não chamou a polícia. Além disso, o menor afirma que ela (a mãe de um dos agressores) também o agrediu", explicou a delegada.
Ambos foram encaminhados para o presídio Professor Jacy De Assis, em Uberlândia, onde seguem presos.
Menores agressores
Os adolescentes que agrediram a criança foram encaminhados para a promotoria da infância de Uberlândia para que a Justiça decida se eles serão internados ou ficarão em liberdade.
Vítima
A criança contou em depoimento fazer uso de drogas. "Ele confirmou ser usuário de entorpecentes e disse estar furtando vários moradores do assentamento para comprar maconha. Esse garoto foi encaminhado para o Hospital e após ser medicado foi entregue para a avó materna", relatou a delegada Paula.
O pai e a mãe dele não compareceram a delegacia e não foram encontrados. "Assim que o inquérito for repassado para a delegacia responsável, já que aqui eu só ratifiquei o flagrante, eles com certeza serão intimados", lembrou a delegada.
A avó materna do garoto não acredita que o próprio filho fez isso como o neto.