Segurança

Aisp do Serra deixa de existir

Segundo a Seds, unidade policial no morro terá apenas PMs, sem a integração com a Polícia Civil

Por jhonny cazetta
Publicado em 30 de maio de 2016 | 03:00
 
 
 
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Inaugurada em janeiro de 2014 como solução para o combate ao tráfico de drogas no aglomerado da Serra e para uma maior interação das polícias com a comunidade, a Área Integrada de Segurança Pública (Aisp) – que originalmente integra as polícias Militar e Civil – deixou de existir antes mesmo de ter um funcionamento regular no local. A Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) – que, em 2014, investiu quase R$ 1 milhão na reforma do prédio e na compra de mobiliário e de equipamentos – informou que o espaço será uma área exclusiva de atuação da Polícia Militar (PM).

Desde o mês passado, o Grupo Especializado em Policiamento de Área de Risco (Gepar) da 125ª Cia do 22º Batalhão da PM tem se instalado no local, que tem servido como ponto de apoio. A ocupação, no entanto, não se traduz em mais policiais fixos na unidade para atendimento à população.

“Esses policiais fazem patrulhamento nas ruas. Então, eles não têm que estar dentro do prédio. Esse não é o objetivo do Gepar, que é um grupo especializado em patrulhamento em aglomerados, abordando suspeitos e agindo no combate à criminalidade”, afirmou o comandante do batalhão, Olímpio Garcia.

A falta de atendimento policial no aglomerado é uma das principais reclamações dos moradores desde que a unidade começou a funcionar, em 2014.

“Quando inauguraram, falaram que seria outra coisa, mas, para mim, é só mais um prédio. Se você for até lá, tem que bater ou gritar na porta para ser recebido. Isso quando tem gente. Fora os serviços de atendimento da defensoria que nunca funcionaram aqui”, criticou uma moradora de 37 anos, vizinha do edifício.

A reportagem esteve na antiga Aisp do Serra, na semana retrasada, e confirmou a reclamação. Dos três dias em que visitou a unidade, em dois haviam dois policiais para atender os moradores, e em outro, o local estava fechado. A assessoria de imprensa da PM informou que não há uma previsão para que o local – que ainda não recebeu um novo nome – tenha outra finalidade, além de ser a sede das atividades do policiamento do Gepar.

Explicações. Na época da inauguração da Aisp, a Seds ressaltou que essa seria a primeira experiência de uma unidade policial dentro de uma favela de Minas Gerais. Isso possibilitaria, entre outra situações, uma maior proximidade entre população e órgão de defesa, junto a uma consequente diminuição da criminalidade.

Sobre o fechamento da Aisp, a pasta não informou os motivos da decisão e disse que mais detalhes poderiam ser informados pela PM. Procurada, a assessoria de imprensa da corporação informou que os motivos da alteração só poderiam ser informados pela própria Seds.

PM diz já ter prendido 25 pessoas neste ano

Em combate ao tráfico de drogas no aglomerado da Serra, a Polícia Militar (PM) afirma já ter prendido ou apreendido mais de 25 pessoas envolvidas na criminalidade no local somente neste ano. A corporação, porém, admite que o tráfico ainda continua ativo na região.

“A situação do aglomerado, atualmente, é tranquila. Não há registros de guerras entre as facções. Para inibir o tráfico, estão sendo feitas operações rotineiras evolvendo três batalhões (22º, Rotam e de Choque). É um trabalho difícil”, afirmou o assessor de imprensa da PM, capitão Flávio Santiago.

Sobre as denúncias de proibição de circulação e de estacionamento de veículos em ruas do aglomerado, o capitão disse desconhecer os fatos. Ele disse que a população deve denunciar pelo 181. (JC)

Operações visam inibir a chegada de drogas

Sem a presença física de uma unidade dentro do aglomerado da Serra, a Polícia Civil garante que vem trabalhando em várias frentes para atuar contra o tráfico de drogas no local. Uma das estratégias, de acordo com o delegado Kleyverson Rezende, do Departamento Estadual de Combate ao Narcotráfico, é tentar inibir que as drogas cheguem ao poder dos traficantes do aglomerado.

“Realmente o Serra possui um dos pontos de tráfico mais fortes de Belo Horizonte. E estamos atuando com toda a atenção, principalmente em operações para identificar e prender os principais fornecedores de drogas daquela região. Acreditamos que, assim, conseguiremos inibir a força do tráfico no local”, afirmou o delegado. Rezende não informou um balanço das operações que, segundo ele, “seguem em andamento”.

Ainda de acordo com o investigador, a polícia também vem trabalhando para identificar os chefes do tráfico do Serra em conjunto com outras delegacias. “Temos a Delegacia Sul, que faz esse trabalho, e até a de homicídios que, no início do mês, prendeu membros de uma das facções”, afirmou. (JC)

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