Demorou muito e ainda é pouco. Mas neste sábado (19), finalmente, será aberto para veículos o primeiro trecho da duplicação da BR–381, de apenas 2 km, próximo ao trevo de Itabira, na região Central de Minas. A obra que prometia duplicar os 303 km do trecho conhecido como “Rodovia da Morte”, entre a capital e Governador Valadares, na região do Rio Doce, foi anunciada há sete anos pelo governo federal e teve a ordem de serviço assinada há três anos, mas avança a passos lentos e enfrenta atrasos, com problemas de orçamento e impasses entre os consórcios que iriam executar as intervenções e o Poder Executivo.
Tanto que, apesar da abertura, ainda não será dessa vez que os motoristas terão todas as pistas à disposição, já que o tráfego no trecho, entre os KMs 396 e 398, será todo deslocado para a faixa nova e continuará sendo feito em pista simples. Segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), isso será feito para permitir a revitalização da pista existente.
Ainda segundo o Dnit, a expectativa é que o trecho de pista nova entre o trevo de Barão de Cocais, na região Central de Minas, e o trevo de Itabira, que corresponde a 7 km, seja liberado ainda este ano. A intervenção no Lote 7 prevê ainda trabalhos de terraplenagem, execução de três pontes, três interseções, pavimentação e construção de um viaduto de 600 m.
Comemoração. Mesmo sendo de apenas 2 km, a abertura do trecho, que já está todo pintado e sinalizado, é aguardada com expectativa pelos usuários da rodovia.
Para o diretor da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) do Vale do Aço e coordenador do movimento Nova 381, Luciano Araújo, a novidade é positiva, pois mostra um avanço, ainda que lento. “Não estamos nem tratando como inauguração, já que a outra pista ainda será revitalizada. Mas passei hoje (18) no trecho, e as intervenções estão andando, o que é muito positivo”, disse.
O comerciante Nelson Pinheiro de Souza, 48, dono de um restaurante às margens da nova pista, espera que as melhorias na via possibilitem uma viagem mais rápida e segura – um primo dele já bateu de moto contra uma ambulância na rodovia e perdeu um braço. “Esse trecho, entre BH e João Monlevade, é perigoso demais. É muito raro ter uma semana sem acidente”, declarou.
Ele se preocupa com a questão do acesso à nova pista, já que a atual será interditada. “Vamos ter que rodar uns 5 km para fazer o retorno para conseguir chegar à pista nova”, afirmou.
O auxiliar de serviços gerais José Aparecido, 51, que mora próximo ao trecho que será aberto neste sábado (19), não tem muita expectativa em relação à inauguração da nova pista. “A extensão é pequena demais para melhorar alguma coisa. Só a duplicação vai resolver e, pelo tanto que demorou, acho que ainda vai levar muitos anos para essa obra ficar pronta”, lamentou.
A Polícia Rodoviária Federal não informou números de acidentes na 381. (Com Rafaela Mansur)
Atrasos constantes
Promessa. A atual duplicação da BR–381 foi anunciada ainda no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2010.
Assinatura. A ordem de serviço para o início das obras só foi assinada quatro anos depois, pela então presidente Dilma Rousseff (PT). Na época, o prazo para a conclusão dos serviços era de três anos.
Impasse. O consórcio Isolux Corsán/Engevix, que assumiu a duplicação de seis dos oito trechos (cerca de 238 km), paralisou as obras em julho de 2015. Em agosto de 2016, o contrato com o consórcio foi rescindido e as obras voltaram à estaca zero.