Desdobramentos

Após jovem morrer em Upa, PBH cobra explicações à fundação da UFMG

Prefeitura esclareceu que unidade de saúde é administrada pela por fundação ligada à universidade

Por Vitor Fórneas
Publicado em 26 de abril de 2024 | 20:12
 
 
 
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A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) deu 72 horas para a Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep), entidade vinculada à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), prestar esclarecimentos sobre o atendimento médico prestado à paciente Mariane Silva Torres, de 26 anos, que morreu na Unidade de Pronto Atendimento (Upa) Centro-Sul na última terça-feira (23 de abril). A família da jovem denuncia negligência médica — relembre o caso abaixo.

Em nota publicada na noite desta sexta-feira (26 de abril), a PBH esclareceu que a Upa Centro-Sul é administrada pela Fundep. Sendo assim, segundo o Executivo municipal, cabe a ela a “contratação de todos os profissionais que atuam no local, incluindo médicos”.

“A Fundep e a Secretaria Municipal de Saúde mantém desde 2008 um convênio que tem por objeto a cooperação mútua para a melhoria do atendimento na unidade, envolvendo capacitação operacional no atendimento à população, através de complementação da formação acadêmica e profissional dos alunos, servidores docentes e técnicos da UFMG”, afirmou a prefeitura em trecho do posicionamento.

A PBH também informou que um procedimento interno foi instaurado para “apurar as condições em que se deu o óbito” e se solidarizou com os familiares e amigos de Mariane.

Família acusa negligência

As causas da morte de Mariane são investigadas pela Polícia Civil. A paciente morreu após sofrer uma parada cardiorrespiratória. 

João Coelho, de 25 anos, era namorado de Mariane e conta como encontrou a companheira ao chegar na Upa Centro-Sul. "Ela não conseguia andar de tanta dor. Colocaram ela numa cadeira de rodas, e ela gritava por socorro. Ela passou pela triagem e recebeu a pulseira verde, a de baixa classificação de risco”, relembra.

Mariane foi atendida por uma médica que a diagnosticou, inicialmente, com crise de ansiedade. “A doutora perguntou o que ela sentia e fez um teste com a caneta no pé da minha namorada. Ela percebeu que a paciente não sentia nada em um dos lados. Vendo todo o desespero, a médica falou que era ansiedade e que ia melhorar depois de tomar dois remédios.

Mesmo após tomar todo o medicamento prescrito, a paciente continuou a sentir dores. O companheiro afirma que voltou na médica, mas não conseguiu que a companheira fosse avaliada pela profissional.

A paciente prosseguiu chorando e gritando de dor, conforme conta o companheiro. “Um descaso total e ela o tempo todo reclamando. Teve uma hora que a Mariane virou pra mim e disse: ‘Amor, está doendo demais’. Logo depois disso, ela travou os punhos, como se estivesse tendo convulsão, e sofreu uma parada cardiorrespiratória. Entrei em desespero”. 

Mariane foi levada para a sala de emergência e, passado um período, João e uma familiar da paciente foram chamados pela equipe médica. “Nos informaram que ela faleceu e que poderia ser por trombose que resultou em embolia pulmonar. Esta é a suspeita, mas os resultados ainda não saíram. Minha namorada ficou das 13h até as 18h agonizando”.

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