Um carro forte que transitava pela BR-251 foi interceptado e explodido por bandidos fortemente armados na tarde de segunda-feira (22), a cerca de 35 quilômetros da cidade de Unaí, no Noroeste de Minas. Os vigilantes conseguiram descer o veículo, se esconderam em no mato antes da explosão e ninguém ficou ferido. No local, diversas notas ficaram espalhadas pela rodovia.
De acordo com a Polícia Militar (PM) do município, era por volta de 16h quando o veículo de transporte de valores da empresa Confederal, que fazia a rota Unaí/Brasília, foi surpreendido pelo grupo que estava em um Renault Duster. O motorista do carro forte relatou que seguia atrás de um ônibus e, quando se preparou para uma ultrapassagem, percebeu que o carro o acompanhou e os ocupantes começaram a efetuar disparos que atingiram a lataria.
Assutado, o condutor teria se abaixado e tentado controlar o veículo, mas acabou perdendo força e foi parar do outro lado da rodovia, no acostamento. A porta da lateral foi aberta e os vigilantes correram para o mato sob uma chuva de balas disparadas pelo bando. Eles se esconderam e, pouco depois, ouviram a explosão.
Os funcionários da transportadora não souberam precisar quantas pessoas participaram da ação, mas testemunhas que passaram pelo local afirmaram que pelo menos três veículos participaram da ação, ainda segundo a PM. Um grande cerco foi montado na região, com mais de 140 policiais militares em 38 viaturas.
Durante as buscas, o Duster foi achado completamente carbonizado próximo de Brasilândia. Os policiais notaram que na parte traseira do veículo os suspeitos instalaram uma chapa de aço, uma espécie de escudo, com três orifícios triangulares onde eles apoiaram suas armas e efetuaram os disparos que atingiram o carro forte.
FOTO: PMMG / DIVULGAÇÃO |
Chapa de aço foi instalada como escudo na traseira do carro |
O cerco é mantido nesta terça-feira (23) pela PM nas estradas que fazem divisa com o estado de Goiás. O valor subtraído pela quadrilha não foi divulgado. Ainda conforme a PM, esta é a primeira vez que este tipo de ação acontece na região, sendo que equipes do serviço de inteligência da corporação estão atuando com o objetivo de identificar e pender os autores.
A perícia técnica foi acionada e recolheu diversas notas que estavam espalhadas pela BR-251. Ainda no local do crime, os policiais recolheram uma sacola verde com diversos carregadores com munições de fuzil calibre 7.62.
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Munições de fuzil calibre 7.62 foram recolhidos no local |
O TEMPO entrou em contato com a empresa Confederal, que até o momento não se posicionou sobre o ocorrido.
Sindicato espera novos ataques no Estado
Depois do ataque registrado em Unaí, o Sindicato dos Empregados das Empresas de Transportes de Valores de Minas (Sintrav/MG) informou que acredita que o crime organizado tem planejamento de novos ataques no Estado. Segundo o presidente da categoria, Emanuel Sady, Minas já teve vários crimes deste tipo no passado, alguns inclusive com mortes de vigilantes.
"Já tivemos registros na região de Pará de Minas, Ipatinga, Governador Valadares. Mas recentemente tivemos um aumento preocupante em todo o país, não só contra carros fortes, mas também nas sedes das empresas, como o que ocorreu no Paraguai. Eles estavam em São Paulo, migraram para o Nordeste e, agora, estão chegando em Minas. Isso é preocupante, já que temos uma das maiores malhas rodoviárias do país, facilitando a atuação e fuga dos bandidos", diz.
Ainda conforme o sindicato, em 2016 foram mais de 70 ataques no Brasil, sendo que em 50 deles o dinheiro foi levado, chegando a um valor de mais de R$ 500 milhões roubados em todo o país. "Só esse ano já tivemos informações de que foram mais de R$ 300 milhões levados. Esse dinheiro é investido em treinamento, armamentos, drogas e, também, na defesa dos bandidos que vão presos", afirma. Somente no mês de maio, este seria o oitavo ataque a carro forte.
O presidente do Sintrav lembra ainda que a principal dificuldade enfrentada pelos vigilantes é com relação ao armamento disponibilizado pelas empresas de valores, que seria bastante inferior às armas utilizadas pelos criminosos. "A gente com calibre 38, no máximo uma escopeta calibre 12 e eles com fuzis, AK-47, munição anti-aérea. Temos registrado muito afastamento na nossa categoria, há um estresse muito grande", reclama.
Para ele, as empresas precisam empregar um maior número de trabalhadores em cada transporte. "Eles vão para estrada com um contingente pequeno, enquanto deveriam ter um comboio, fazendo varredura. Com a terceirização deste serviço pelos bancos, nossa categoria foi muito afetada. Os bancos e as empresas estão tendo lucro todo ano, enquanto os trabalhadores andam em carro sem ar-condicionado, com excesso de jornada", denuncia Sady.
O Sintrav protocolou com o deputado estadual Sargento Rodrigues uma solicitação para que uma audiência pública seja realizada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) para discutir a situação da categoria.
Atualizada às 14h35