A concentração do Farrapos, que completa 27 anos de desfiles ininterruptos, acontece na Rua Wenceslau Brás, em Mariana, na região Central do Estado, de onde segue para o centro histórico até a praça Gomes Freire, mais conhecida como Jardim. Neste ano o tema é “Farrapos na Copa”. Segundo o carnavalesco Vanderley de Oliveira, diretor do bloco caricato, os foliões vêm caprichando nas produções a cada ano. “No início era mais homem vestido de mulher, mulher vestida de homem e fantasias pouco originais. De uns anos para cá começaram a surgir personagens da época do império, homenagens a celebridades e gozações de toda natureza. A originalidade parece não ter limites”, disse.
Além de som mecânico, bandas locais tradicionais acompanham o Farrapos em todo o percurso. Ainda segundo Oliveira, além de moradores de Mariana, o bloco vem atraindo cada vez mais “forasteiros”, principalmente do Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte. “Mas sempre tem gringos ensaiando passos engraçados, que divertem a turma”, diz. Na segunda a concentração ocorre no mesmo local e hora, a partir das 15 horas, com cortejo previsto para as 17h30.
No final da tarde, a animação ficou por cota da Cia Navegantes de Bonecos, que sob a batuta do artista argentino Catin Nardi, embalou os foliões com seus bonecos “anões gigantes”, homenageando personalidades célebres do Carnaval brasileiro, como Carmem Miranda. A apresentação agrega música, dança e uma boa dose de teatro. Aos pares, os bonecões se apresentam no meio das pessoas, chamando a atenção de crianças e adultos para o centro da roda. Neste ano, o grupo entusiasmou ainda mais as pessoas com uma grande roda que deu lugar às interpretações dos bonecos, e à banda executando um repertório pop com ritmos variados, como tango, bolero, forró e samba de raiz brasileiro.
No domingo (2) desfilam perla Avenida Getúlio Vatgas, a partir das 20 horas, as tradicionais escolas de samba Vila do Carmo, Morro da Saudade e Acadêmico do Barro Pretoo. Segunda-feira (3), a concentração da Cia Navegante de Bonecos acontece a partir das 18 horas, com cortejo entre a Praça Gomes Freire e a Praça da Sé. Hoje (domingo), as principais atrações são o Carnavalzin, para crianças de todas as idade, homenageando o mestre Braguinha.
Em Ouro Preto, o Carnaval é coroado diariamente com o desfile de cerca de 25 blocos tradicionais que se revezam pelas ladeiras e becos da cidade. Já a noite é reservada para os shows da cena nacional contemporânea, além de apresentação de bandas internacionais, com um desfile de ritmos não necessáriamente associados à folia. Ontem a novidade ficou por conta dos sergipanos da Coutto Orchestra, apontados como representantes da nova safra da música instrumental nordestina. A banda foi formada em 2010 como uma espécie de micro-big-band e apresentou uma fusão da cultura dj com as diversas melodias e fanfarras, além do o tango, a cumbia, o balkan, as valsas, as marchas, o house, o jazz manouche, o maracatu de brejão, a taieira, a marujada e o forró, mistura definida pelo grupo como “Eletrofanfarra”.
Nol palco da praça Tiradentes a banda reproduziu canções sem palavras associadas a projeções e luzes, provocando uma sensação festiva e imagética em uma atmosfera enraizada na cultura das ruas. Fechando a noite, foi a vez do dos paulistanos do Funk Como Le Gusta, esbanjando samba, soul e música latina, com toques eletrônicos.
Na noite de domingo a atração principal é a banda argentina Pollerapantallón, que sobe ao palco da praça Tiradentes as 23 horas. O som dos hermanos mescla funk, ska, tango eletrônico, rock e cumbia. A banda surgiu em 2005, a partir de uma reunião de amigos que queriam tocar nas ruas de Buenos Aires, com repertório composto por música de boa qualidade e um pouco da cultura popular argentina. Em seguida, vem o hip hop, que nos últimos anos passou a ocupar lugar cativo no Carnaval de Ouro Preto, desta vez com a rapper paulista Lurdez da Luz, que incorpora em seu trabalho influências africana e eletrônica.
Durante a manhã e tarde de sábado, desfilaram em Ouro Preto os bolcos Zé Pereira Mirim, Ligra Pra Rádio, Charanga da Lata, Adro Dum e Sanatório Geral, Bloco das Lages e Zé Pereira dos Lacaios, que fizeram a alegria dos turistas, como Joelma Lima, 25, e Carolina Etsuko, 25, que se conheceram em redes sociais com o propósito de passar o Carnaval em Ouro Preto, onde chegaram e se encontraram na manhã de ontem e foram direto para as ruas. Joelma veio de Jundiaí, interior se São Paulo, e Carolina de Uberaba, no Triângulo Mineiro. É o primeiro Carnaval das duas em Ouro Preto.
“Passar o Carnaval em Ouro Preto era um sonho antigo, que agora estou realizando, Estou deslumbrada com a beleza da cidade e a simpatia dos moradores”, disse Carolina. “Quem sabe a gente não aproveita essa maré de sorte para arranjar um namorado bem bacana”, completou Joelma. Também pela primeira em Ouro Preto, a cuiabana Renata Oliveira, 23, comparou o clima ameno ao Pólo Norte. “Nunca senti tanto frio, mesmo assim estou radiante em estar aqui, nessa cidade que transpira história e magia”, disse a funcionária pública, que estava acompanhada do conterrâneo Danilo Baudson Félix, 23, que passa o quarto Carnaval consecutivo na cidade. “Pra mim, Ouro Preto já virou caminho da roça no Carnaval. Com certeza estarei aqui no ano que vem”, disse.