Atlas

Cai desigualdade entre capitais 

Segundo pesquisa, todas as regiões brasileiras apresentaram melhora em saúde, educação e renda

Por Cinthia Ramalho / Johnatan Castro
Publicado em 25 de novembro de 2014 | 22:25
 
 
 
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Indicadores de saúde, educação e renda apresentaram melhora em todo o país nos últimos dez anos. De acordo com o Atlas do Desenvolvimento Humano nas Regiões Metropolitanas Brasileiras – divulgado nesta terça pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pela Fundação João Pinheiro – entre 2000 e 2010, as 16 regiões metropolitanas pesquisadas registraram avanços no Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM). Além disso, caiu a diferença entre as áreas mais e menos desenvolvidas do país. Esse fenômeno é explicado, principalmente, pelos programas de transferência de renda, segundo um pesquisador do Atlas.


Atualmente, todas as regiões metropolitanas estão na faixa de Alto Desenvolvimento Humano, com IDHM acima de 0,700. Quanto mais próximo de um, melhor o índice. De acordo com o pesquisador Fernando Prates, da Fundação João Pinheiro, as regiões que mais apresentaram crescimento foram a Norte e a Nordeste. No entanto, mesmo com a melhora, elas ainda são as que possuem os piores níveis de IDHM. Os menores crescimentos do índice foram registrados nas regiões Sudeste e Sul do país, fazendo com que a diferença entre as áreas mais e menos desenvolvidas do país diminuísse.

Entre 2000 e 2010, a diferença entre a região metropolitana de IDHM mais elevado (São Paulo) e a com o índice mais baixo (Manaus) caiu de 22,1% para 10,3%. “Os motivos para isso são, principalmente, a existência de programas de transferência de renda e o aumento no valor do salário mínimo, além do acréscimo no montante pago nas aposentadorias”, avaliou o pesquisador.

Ranking. A diferença no ritmo de evolução do IDHM nas regiões metropolitanas também acarretou uma troca nas primeiras posições no ranking. Em comparação ao ano 2000, as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro (RJ) e de Porto Alegre (RS) deixaram de figurar nas cinco melhores. Com um ritmo de crescimento mais acelerado, elas foram substituídas por Distrito Federal e Vitória (ES).

Em situação oposta estão as regiões metropolitanas de Recife (PE), Natal (RN), Fortaleza (CE), Belém (PA) e, em último lugar, Manaus (AM), que apresenta o menor IDHM entre as regiões pesquisadas. Apesar de ser a última no ranking, Manaus foi a que apresentou maior crescimento, de 23% sobre o índice anterior.

Representação
População.
As 16 regiões metropolitanas avaliadas pelo Atlas do Desenvolvimento Humano representam, juntas, 36,5% da população de todo o país. Elas também concentram 50% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. 

Ainda há diferenças entre os bairros

O Atlas do Desenvolvimento Humano das Regiões Metropolitanas Brasileiras mostrou que a desigualdade dentro dos municípios ainda é um fator marcante. Em casos extremos, na mesma região metropolitana há Unidades de Desenvolvimento Humano (UDHs) – áreas a bairros – com renda domiciliar per capita mensal de quase R$ 7.900, enquanto em outras UDHs esse valor não chega a R$ 170, montante 45 vezes maior entre a UDH mais abastada e a mais carente.

As diferenças são constatadas em todas os tópicos avaliados. Em Curitiba (PR), por exemplo, moradores da região central e Rebouças apresentam IDHM 0,954 na área de educação. Doutor Ulisses, o pior colocado, por sua vez, aparece com 0,362. Em Manaus (AM), o índice renda das zonas mais ricas, como Ponta Negra, é mais que o dobro do registrado na zona rural de Itacoatiara, de apenas 0,490.

Variação na esperança de vida
A pesquisa também analisou a esperança de vida em 16 regiões metropolitanas brasileiras. A diferença entre a mais bem colocada (Porto Alegre) e a lanterna do ranking (São Luís) era de 4,82 anos no ano 2000. Dez anos depois, caiu para 2,9 anos – o primeiro lugar também mudou, para o Distrito Federal, mas São Luís seguiu na lanterna. Se consideradas todas as mais de 9.000 UDHs pesquisadas, a maior expectativa de vida é de 82 anos, enquanto a mais baixa é de 67 anos. São 15 anos de diferença em termos de expectativa. “Os dados são muito bons”, avaliou o ministro Marcelo Neri, da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República.

Educação apresenta diferenças
Apesar do item educação ter sido o que mais avançou na comparação com longevidade e renda, ainda há disparidades quando o assunto é a escola, como no caso do grau de escolaridade da população adulta. Nas UDHs com melhor desempenho, o percentual de pessoas de 18 anos ou mais com ensino fundamental completo varia de 91% a 96%. Já nas UDHs com pior resultado, a variação fica entre 21% e 37%.

Eleição retardou divulgação
O ministro Marcelo Neri, da Secretaria de Assuntos Estratégicos, afirmou nesta terça que os dados poderiam ter sido divulgados há alguns meses, mas o anúncio foi adiado por causa das eleições. “Achamos importante divulgar quando corações e mentes já estão mais calmos, olhando as coisas com mais clareza”, disse. Em outubro, o diretor Herton Araújo pediu afastamento depois de o Ipea retardar a divulgação de dados sobre extrema miséria.

Pesquisa em todos os Estados
Com o objetivo de colaborar com o aprimoramento da gestão pública, o Atlas do Desenvolvimento Humano analisou 5.565 municípios brasileiros, 27 Estados, 20 regiões metropolitanas e suas respectivas Unidades de Desenvolvimento Humano (UDH). O estudo traz mais de 200 indicadores de demografia, educação, renda, trabalho, habitação e vulnerabilidade, com dados dos Censos Demográficos de 1991, 2000 e 2010.

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