Festa

Carnaval em Minas Gerais resiste, apesar de empecilhos

Febre amarela, crise financeira e crescimento da folia em BH levaram a cancelamentos pelo Estado

Por Gláucio Castro
Publicado em 12 de fevereiro de 2017 | 03:00
 
 
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A crise financeira, o surto de febre amarela e o bom momento do Carnaval de Belo Horizonte contribuíram para o cancelamento da folia em muitas cidades do interior de Minas Gerais em 2017. Por outro lado, tradicionais redutos da festa momesca do Estado se desdobram para garantir a alegria dos foliões mesmo em tempos difíceis. Para não fazer feio, a saída foi reduzir custos e resgatar antigas tradições, como marchinhas, blocos caricatos e bandas locais.

É exatamente nesta receita simples que o prefeito de Diamantina, no Jequitinhonha, Juscelino Brasiliano Roque (PMDB), aposta. Por falta de acordo financeiro, a terra de Juscelino Kubitschek e Chica da Silva não terá neste ano as tradicionais Bartucada e Bat-Caverna, mas nem por isso o Carnaval perderá seu brilho. Pelo menos é o que garante o prefeito, que vai investir cerca de R$ 500 mil e espera atrair 15 mil pessoas por dia à cidade.

“Nosso Carnaval não se restringe apenas à Bat-Caverna e à Bartucada. São bandas importantes, mas Diamantina é patrimônio cultural do mundo e bastante conhecida por sua musicalidade. Teremos mais de 20 bandas no total. Vamos privilegiar os artistas locais, os blocos, as famílias e as tradicionais marchinhas”, explicou o prefeito. Segundo Roque, a mudança vai até ser benéfica para evitar tumulto na cidade, como depredação do patrimônio que ocorreu em outros anos.

Intercâmbio. Praticamente todas as oito prefeituras ouvidas pela reportagem confirmaram que o crescimento do Carnaval de Belo Horizonte nos últimos anos contribuiu para a queda de público no interior em até 30%, em média. Em vez de ficar lamentando, o secretário de Turismo, Indústria e Comércio de Ouro Preto, Felipe Vecchia, vem realizando reuniões com a Belotur na capital para tentar, a partir de 2018, fazer ações conjuntas e atrair o turista para a festa nas duas cidades. A primeira iniciativa já aconteceu nesse sábado (11) na praça da Liberdade, com a apresentação do bloco Zé Pereira dos Lacaios, que completa 150 anos em 2017 e fez uma apresentação no local.

O bloco é um dos 40 existentes na cidade, que são a aposta da prefeitura para levar cerca de 35 mil pessoas por dia às ladeiras históricas. “Queremos resgatar a história e a tradição do Carnaval de Ouro Preto, e estes blocos são fundamentais. Depois de dois anos, voltaremos a ter os desfiles de escolas de samba na praça Tiradentes. Além disso, os shows fora do centro histórico ajudam a desafogar um pouco as ruas e preservar o patrimônio”, enumerou Vecchia.

Ouro Preto. A prefeitura da cidade histórica vai investir cerca de R$ 600 mil no Carnaval do município. Além disso, a folia na antiga capital terá shows particulares de artistas como Thiaguinho e Monobloco.

Cancelamentos baratearam os custos do evento em Sabará

Com a festa confirmada, o secretário interino de Cultura de Sabará, na região metropolitana, Sérgio Alexandre, explicou que a saída foi reduzir custos e apostar nos talentos da região. Os blocos caricatos e desfiles de escolas de samba serão as principais atrações da festa.

Como o processo de licitação ainda está aberto, ele não soube informar quanto a prefeitura vai desembolsar, mas garante que o município vai conseguir fazer um Carnaval mais barato do que nos últimos anos e atrair cerca de 50 mil pessoas nos quatro dias do evento. “Em função do cancelamento do Carnaval em muitas cidades, estamos conseguindo reduzir preços com fornecedores. Também optamos por contratar somente artistas locais”, disse.


Contraste

Abaeté e Pompéu terão comemorações de estilos opostos

FOTO: Balo Comunicação/Divulgação - 14.2.2015
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Celebração em Abaeté aposta no trio elétrico para atrair foliões

Mesmo com a animação do Carnaval de Belo Horizonte, que espera receber cerca de 2,4 milhões de pessoas e movimentar R$ 67 milhões, muitos foliões da capital já arrumam as malas e estão prontos para pegar a estrada. Abaeté, na região Central de Minas, é um dos destinos mais procurados, principalmente pelos jovens. A expectativa é receber cerca de 8.000 pessoas por dia. Os hotéis já estão praticamente lotados.

O Carnaval na cidade de pouco mais de 20 mil habitantes se divide em duas vertentes: uma grande festa particular, com shows de artistas nacionais, como Gustavo Lima, Marília Mendonça e Zé Neto e Cristiano, que acontecerá no Campo do Abaeté e tem ingressos que variam entre R$ 70 e R$ 890, e outra mais popular, nas ruas, e promovida pela prefeitura. Esta contará com um trio elétrico e um palco na praça Dr. Canuto, no centro, com atrações variadas e de graça para a população. O município investiu cerca de R$ 140 mil para garantir a festa.

Distante cerca de 60 km de Abaeté, Pompéu, também na região Central, tinha, até o ano passado, um Carnaval bem parecido. Mas, com a saída do bloco Reduto, que decidiu não participar em 2017 por conta de prejuízo nas últimas edições, a folia deste ano será nas ruas, com muita marchinha e bandas locais. “Nosso Carnaval tinha perdido bastante suas características. Estamos resgatando essa cultura”, explicou o diretor de Cultura, Esporte e Turismo de Pompéu, Hugo de Castro.

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