Médicos

Com greve, tempo de atendimento em UPA de BH chega a 4 horas

Nenhum profissional faltou na unidade do Barreiro, mas houve um aumento na procura de pessoas que se depararam com longas filas em outros hospitais da PBH

Por Mariana Nogueira e José Vítor Camilo
Publicado em 23 de agosto de 2017 | 11:07
 
 
 
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Os pacientes que buscam atendimento na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) Barreiro, em Belo Horizonte, na manhã desta quinta-feira (23), enfrentam pelo menos três horas até serem atendidos por um médico. Apesar de nenhum profissional ter faltado na unidade neste dia de greve dos médicos da rede pública da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), houve um aumento no número de pessoas que procuraram atendimento em outros hospitais e, por conta das longas filas, acabaram indo até a UPA.

A reportagem de O TEMPO esteve na unidade do Barreiro e conversou com diversos usuários, sendo que cerca de 25 pessoas aguardavam para passar pela triagem. O tempo de espera para passar pelo primeiro atendimento nesta manhã é de 1h30 a 2h, enquanto nos dias normais o tempo médio é de 1h. Ao mesmo tempo, o tempo total até os pacientes serem atendidos por um médico na UPA nesta quarta era de 3 a 4h, enquanto normalmente os usuários são atendidos em no máximo 2h30. 

O soldador Giovane Dias, 26, teve parte do dedo arrancada por uma solda por volta das 7h40. Às 8h, ele foi para o hospital Odilon Behrens. Segundo ele, ao ver uma fila imensa no local, decidiu ir para a Upa Barreiro, onde não tinha previsão de atendimento até o encerramento desta reportagem. "Tá doendo demais. Eu tô esperando aqui há um tempinho já, mas até agora nada. Acho que vai demorar bastante. Ninguém me deu previsão nenhuma", afirmou. 

O motorista Carlos Carvalho, 28, fechou o dedo na porta do carro no fim da madrugada desta quarta-feira. Ele também foi ao hospital Odilon Behrens por volta das 6h, mas não foi atendido e decidiu ir para a Upa, onde às 9h30 ainda aguardava para passar pela triagem. "Aqui está bem mais tranquilo do que lá. O pessoal lá me desacreditou completamente quanto ao atendimento. Aqui, mesmo demorando, parece que está fluindo", contou.

A babá Lilian Aparecida, 46, está há três dias sem trabalhar devido a uma dor ainda não diagnosticada que vai do ombro até o cotovelo. Ela ainda não havia sido atendida na triagem da Upa mesmo após três horas de espera. "É uma dor que não consigo explicar. Eu não consigo fazer mais nada de tanta dor. Agora nem sei se serei atendida ou não. Espero que sim", afirmou.

A greve

Os médicos já haviam feito uma paralisação no último dia 17 de agosto e, nesta quarta, voltaram a parar. Conforme o Sindicato dos Médicos do Estado de Minas Gerais (Sindmed), a decisão pela nova greve veio após assembleia realizada no dia do primeiro ato. Assim como no primeiro dia, os atendimentos urgência e emergência são mantidos. 

As paralisações são motivadas pela ausência de um retorno da PBH para a pauta de reivindicações dos médicos, enviada no início do ano. As principais reivindicações da categoria envolvem as condições de trabalho, garantia de insumos e medicamentos, mais segurança e escalas completas.

Ainda segundo o Sindmed, eles também reivindicam um reajuste superior a 2.53%, que foi o índice oferecido pela PBH. A defasagem salarial dos servidores municipais chegará a 20% este final de ano. Uma nova assembleia dos médicos acontecerá às 19h na avenida do Contorno, quando eles decidirão os rumos do movimento. 

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