bairro Eymard

Desabamento deixa um morto em BH

Jovem de 21 anos foi encontrado debaixo de escombros; ao todo quatro pessoas estavam dentro da residência no momento do desabamento

Por Mariana Nogueira
Publicado em 24 de junho de 2017 | 08:51
 
 
 
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A tão sonhada carteira de motorista estava próxima. O trabalho na igreja só crescia. Dia após dia, o sorriso estampado no rosto de Eli Jefferson de Freitas, 21, ia se tornando sua marca registrada. Neste sábado (24), contudo, por volta das 5h30, quando a casa em que o jovem morava com a família, no lote entre as ruas Carlindo Costa Ferreira e José Cecílio dos Santos, no bairro Eymard, na região Nordeste de Belo Horizonte, uma comunidade em choque se despediu da felicidade irreverente do rapaz. Ele morreu soterrado enquanto dormia na sala de casa. Segundo a Coordenadoria da Defesa Civil de Belo Horizonte, o acidente aconteceu devido a um vazamento do medidor de água da residência.

Jefferson, como é conhecido, costumava dormir com frequência na sala do imóvel. No momento do acidente, o pai, a madrasta e duas irmãs do jovem, de 8 e 18 anos, também estavam na casa, mas todos eles conseguiram se salvar.

O vigilante Eduardo Braga, 47, que é tio e vizinho do jovem, contou à reportagem de O TEMPO que ouviu um barulho ensurdecedor e chegou a cogitar que um carro havia caído no barranco.

“Eu ouvi e já saí correndo para ajudar. Vi que Jefferson tinha ficado soterrado e priorizei salvar quem eu sabia que estava vivo. Então, resgatei as crianças pelo telhado e quebrei o muro para tentar passar. Eram mais de dois metros de lama. Daí, eu peguei uma telha e comecei a puxar a lama para tentar salvar meu sobrinho, mas, infelizmente, não deu”, lamentou o tio.

Risco iminente. Segundo outros familiares da vítima, a casa já corria o risco de ser atingida pelo barranco. Pensando nos períodos de chuva, eles chegaram a alugar um barracão próximo ao local, onde se sentiam mais seguros. No entanto, há um mês, conforme os parentes relataram, com dificuldades de pagar o aluguel e com o desejo de retornar, a família voltou a morar na propriedade.

Vizinha da família, a economista Lorraine Silva, 23, afirmou que há muito tempo a comunidade local vem sofrendo com uma adutora da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) existente perto dali. De acordo com ela, diversas solicitações já haviam sido feitas pelos moradores à companhia para controlar os problemas. “Nós tivemos que contratar uma empresa privada para conter os vazamentos, pois ninguém resolve”, relatou.

A Copasa informou, por meio de nota, que, desde que tomou conhecimento da situação, tem tomado as providências necessárias.

Segundo o órgão, que lamentou o ocorrido, a ligação do imóvel foi cortada para conter o vazamento. A nota da Copasa também afirmou que não houve rompimento de adutora no local, possibilidade que havia sido levantada.

No fim do dia, a Defesa Civil, que isolou a área, confirmou que o deslocamento da terra foi provocado pelo vazamento do medidor de água da casa.

Isolamento

Sem risco. De acordo com o gerente técnico da Coordenadoria de Defesa Civil de Belo Horizonte, Guilherme Augusto, que esteve no local, a área nunca precisou ser isolada por qualquer risco.


Em estado de choque, família precisou ser socorrida a hospital

O pai de Jefferson, Eli, e a madrasta, Danielle, ficaram em choque e precisaram ser socorridos pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).

O amigo do jovem, o estudante Filipe Kessler, 22, contou que esteve com o rapaz até o início da madrugada deste sábado. Eles tinham participado de uma vigília na Igreja do Evangelho Quadrangular de Eymard. Segundo Kessler, os dois se despediram mais cedo do que o normal porque Jefferson não estava passando muito bem naquela noite. “Ainda não assimilamos que algo assim possa ter acontecido”, afirmou o amigo.

O vizinho João Batista, 62, afirmou que mora no local há 50 anos e que repetidas vezes viu a comunidade pedir ajuda para resolver a situação. “Ninguém nos ouviu”, disse. (MN)

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