Despreparo dos profissionais da saúde e desconhecimento por parte da população são alguns dos empecilhos na luta contra a febre chikungunya, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, o mesmo transmissor da dengue. A afirmação é do infectologista e coordenador do Comitê de Influenza e Virologia Clínica da Sociedade Brasileira de Infectologia, Eurico Arruda Neto.
Nessa segunda, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) confirmou o primeiro caso da doença em Minas e admitiu o risco de surto no Estado. Já Neto acredita que os médicos brasileiros ainda não estão preparados para diagnosticar a febre. “Médicos que se formaram há dez anos e trabalham no interior do país nunca ouviram falar em febre chikungunya”, disse.
No Estado, o primeiro caso confirmado é de uma moradora de Matozinhos, na região metropolitana, de 48 anos. Outras cinco suspeitas estão sendo analisadas pela Fundação Ezequiel Dias (Funed), e os resultados dos exames devem sair até o fim desta semana.
A mulher precisou passar por quatro médicos até receber o diagnóstico. O primeiro resultado, dado na rede pública, foi o de uma virose. A paciente chegou a ser medicada com dipirona. A mulher também procurou dois médicos da rede particular. Com muitas dores, ela foi se consultar para conseguir um atestado e somente nesta última tentativa é que um médico da rede pública desconfiou do problema e avisou as autoridades.
O infectologista Eurico Neto explica que, como os sintomas são parecidos, a febre pode ser confundida com dengue, e vice-versa. Para pacientes que já têm problemas como artrite reumatoide, o diagnóstico errado pode trazer complicações. A chikungunya também causa dores nas articulações. Se o paciente tiver dengue e o diagnóstico for de chikungunya, o equívoco pode acarretar danos, como o desconhecimento do maior risco de dengue hemorrágica em caso de uma segunda infecção.
O infectologista ainda não concorda com a decisão do Ministério da Saúde de adotar exame clínico e a proximidade com doentes para confirmar um novo caso. O teste laboratorial só será feito onde ainda não há casos originários da doença.
A reportagem de O TEMPO esteve em Matozinhos, anteonte, e a maioria dos moradores entrevistados desconhece a febre chikungunya. Apenas funcionários de farmácias e das unidades de saúde sabiam da doença.
A paciente que teve o diagnóstico confirmado pediu para não ser identificada porque teme o modo como será tratada na cidade. “Estou com medo da reação das pessoas, porque elas não estão informadas”, disse. A mulher já quase não sente os sintomas da doença. Segundo ela, restaram apenas dores leves nas articulações.
Histórico. Apesar de novo no Brasil, o vírus já está presente em outros países como República Dominicana, Haiti, Venezuela, entre outros. Em 2010, os primeiros casos foram identificados no Brasil. O especialista Eurico Neto acredita que quatro anos seriam tempo suficiente para a preparação da rede de saúde. “Acho que toda a rede de laboratórios públicos deveria fornecer o exame”.
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Desafios no combate a febre
Especialista aponta despreparo de médicos e desconhecimento por parte da população
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